São Paulo, terça-feira, 23 de março de 2010

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Rapaz que levou Nunes até a causa de Glauco é indiciado

Para a polícia, Felipe Iasi, que prestou novo depoimento, é suspeito de participação na morte do cartunista e de seu filho

Estudante se disse "revoltado" com a medida e seu advogado criticou delegado, afirmando não haver provas; prisão do jovem não foi pedida

MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL

O estudante Felipe Iasi, 23, foi indiciado ontem pela polícia sob a suspeita de participação no assassinato do cartunista e líder religioso Glauco Vilas Boas e de Raoni, seu filho. Iasi dirigia o carro que levou Carlos Eduardo Sundfeld Nunes, 24, que confessou os crimes, até a casa das vítimas.
A decisão foi anunciada pelo delegado Archimedes Veras Júnior após novo depoimento de Iasi ontem. Ele foi ouvido por aproximadamente duas horas e manteve a versão de que não teve relação com o crime e que levou Nunes ao local porque ele o ameaçava com uma arma.
Após o depoimento, o estudante afirmou que estava "revoltado" com a decisão e que não foi apresentada nenhuma prova para o indiciamento. Sua prisão não foi pedida.
Entre os argumentos usados pelo delegado para o indiciamento, estão o fato de Iasi não ter acionado a polícia e o seu comportamento na ação.
Segundo Veras Júnior, no trajeto até a casa de Glauco, o estudante passou por um carro da polícia na praça Panamericana, em Pinheiros (zona oeste), que poderia ter sido acionada; depois, o jovem pulou um muro para abrir um portão para Nunes e poderia ter corrido para avisar as vítimas.
Ainda de acordo com o delegado, Iasi poderia ter procurado uma delegacia enquanto fugia ou ter usado o celular para contatar os policiais.
O indiciamento tem como base a combinação dos artigos 121 (homicídio) e 29 ("quem, de qualquer modo, concorre para o crime") do Código Penal.
O advogado do estudante, Cássio Paulette, criticou o delegado e o chamou de aético por não ter avisado, antes da visita, que ele seria indiciado, para que fossem tomadas possíveis medidas preventivas. Afirmou ainda que não há provas, laudos nem nenhum elemento que tenha sido apresentado à defesa que sirva como base para o indiciamento.
Iasi diz ter sido rendido por Nunes e deixado o local antes do crime, o que foi confirmado pelo acusado em depoimento.
Na semana passada, a Justiça autorizou a quebra de sigilo telefônico de ambos. A polícia espera os dados sobre o sinal dos telefones e do rastreador de seguro do carro de Iasi pra adicionar à investigação novas pistas sobre o deslocamento deles.
O carro de Iasi, um Gol, foi apreendido pela polícia ontem e passará por perícia, que buscará marcas de sangue ou pólvora, o que provaria se Nunes esteve ou não no veículo após o crime.
Nunes está detido na delegacia da Polícia Federal em Foz do Iguaçu (PR). Foi preso quando tentava fugir para o Paraguai.


Colaborou o "AGORA"


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