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Rapaz que levou Nunes até a causa de Glauco é indiciado
Para a polícia, Felipe Iasi, que prestou novo depoimento, é suspeito de participação na morte do cartunista e de seu filho
Estudante se disse "revoltado" com a medida e seu advogado criticou delegado, afirmando não haver provas; prisão
do jovem não foi pedida
MÁRCIO PINHO
DA REPORTAGEM LOCAL
O estudante Felipe Iasi, 23,
foi indiciado ontem pela polícia
sob a suspeita de participação
no assassinato do cartunista e
líder religioso Glauco Vilas
Boas e de Raoni, seu filho. Iasi
dirigia o carro que levou Carlos
Eduardo Sundfeld Nunes, 24,
que confessou os crimes, até a
casa das vítimas.
A decisão foi anunciada pelo
delegado Archimedes Veras Júnior após novo depoimento de
Iasi ontem. Ele foi ouvido por
aproximadamente duas horas e
manteve a versão de que não teve relação com o crime e que levou Nunes ao local porque ele o
ameaçava com uma arma.
Após o depoimento, o estudante afirmou que estava "revoltado" com a decisão e que
não foi apresentada nenhuma
prova para o indiciamento. Sua
prisão não foi pedida.
Entre os argumentos usados
pelo delegado para o indiciamento, estão o fato de Iasi não
ter acionado a polícia e o seu
comportamento na ação.
Segundo Veras Júnior, no
trajeto até a casa de Glauco, o
estudante passou por um carro
da polícia na praça Panamericana, em Pinheiros (zona oeste), que poderia ter sido acionada; depois, o jovem pulou um
muro para abrir um portão para Nunes e poderia ter corrido
para avisar as vítimas.
Ainda de acordo com o delegado, Iasi poderia ter procurado uma delegacia enquanto fugia ou ter usado o celular para
contatar os policiais.
O indiciamento tem como
base a combinação dos artigos
121 (homicídio) e 29 ("quem, de
qualquer modo, concorre para
o crime") do Código Penal.
O advogado do estudante,
Cássio Paulette, criticou o delegado e o chamou de aético por
não ter avisado, antes da visita,
que ele seria indiciado, para
que fossem tomadas possíveis
medidas preventivas. Afirmou
ainda que não há provas, laudos
nem nenhum elemento que tenha sido apresentado à defesa
que sirva como base para o indiciamento.
Iasi diz ter sido rendido por
Nunes e deixado o local antes
do crime, o que foi confirmado
pelo acusado em depoimento.
Na semana passada, a Justiça
autorizou a quebra de sigilo telefônico de ambos. A polícia espera os dados sobre o sinal dos
telefones e do rastreador de seguro do carro de Iasi pra adicionar à investigação novas pistas
sobre o deslocamento deles.
O carro de Iasi, um Gol, foi
apreendido pela polícia ontem e
passará por perícia, que buscará
marcas de sangue ou pólvora, o
que provaria se Nunes esteve ou
não no veículo após o crime.
Nunes está detido na delegacia da Polícia Federal em Foz do
Iguaçu (PR). Foi preso quando
tentava fugir para o Paraguai.
Colaborou o "AGORA"
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