São Paulo, terça, 23 de março de 1999
Próximo Texto | Índice

"#989667">INVESTIGAÇÃO
Silvio Rocha de Oliveira afirma que tesoureiro de campanha malufista comprou seu silêncio
Depoente acusa Paulo Maluf de paternidade; ex-prefeito nega

Almeida Rocha/Folha Imagem
Silvio Rocha de Oliveira, com santinho de Maluf, durante depoimento ontem na CPI da Câmara


da Reportagem Local

A CPI da máfia da propina e os delegados que apuram uma rede de corrupção na administração municipal assistiram ontem a uma fita de vídeo na qual Silvio Rocha Oliveira, acusado de ser funcionário fantasma da prefeitura, afirma ser avô de uma filha ilegítima do ex-prefeito Paulo Maluf.
Ele disse também que recebeu de Calim Eid, tesoureiro das campanhas políticas de Maluf, US$ 40 mil em dinheiro para que não contasse essa história à imprensa ou para opositores do ex-prefeito.
Segundo Oliveira, ele teve de assinar papéis em branco que seriam usados para desmentir a história caso ela chegasse à oposição.
Ele também afirmou que o ex-prefeito lhe arrumou um emprego na Prodam (Companhia de Processamento de Dados de São Paulo), uma autarquia municipal.
A assessoria de imprensa do ex-prefeito divulgou nota em que afirma serem "falsas e mentirosas" essas declarações (leia ao lado).
Oliveira depôs ontem para a CPI da máfia da propina e para os delegados e promotores na sede do Instituto de Criminalística após iniciar o depoimento na Câmara. Até as 23h30, ele continuava depondo.
Ele foi intimado a depor depois de ter sido citado em depoimentos anteriores como funcionário fantasma e "intocável" na Regional da Penha, onde a polícia afirma ter encontrado uma rede de extorsão comandada pelo vereador Vicente Viscome (ex-PPB).
Oliveira já havia contado essa mesma história em depoimento ao promotor Luiz Carlos Blat em agosto do ano passado. Além disso, ele havia afirmado também que estava sendo ameaçado de morte por Viscome porque estaria "atrapalhando o doutor Paulo".
Um mês depois desse primeiro depoimento, Oliveira voltou ao Ministério Público é disse que a história das ameaças não era verdadeira.
O depoimento tumultuou as investigações da polícia e da CPI.
Oliveira começou a depor na Câmara Municipal às 15h45. Mas ele começou a passar mal quando o presidente da CPI, José Eduardo Martins Cardozo, lhe perguntou para que eram os US$ 40 mil que ele teria recebido de Calim Eid.
Ele foi atendido no departamento médico e dispensado depois de receber um sedativo leve para baixar uma pequena hipertensão.
Em seguida, o funcionário foi levado para um outro departamento da Câmara, onde foi confrontado com cópias de cheques que teria recebido para nada falar sobre suposta relação com Paulo Maluf.
Depois, foi levado até sua casa pelos delegados Romeu Tuma Jr. e Naief Saad. Lá, os policiais apreenderam uma fita de vídeo e duas sacolas com documentos.
Na fita, ele conta detalhes da suposta relação entre sua filha e Maluf.
Depois que Oliveira já havia deixado a Câmara, o presidente da CPI suspendeu o depoimento que estava sendo prestado -do ex-administrador regional da Penha Pedro Antônio Saul- para transformar a sessão em ""diligência", devido a acordo com o Ministério Público.


Próximo Texto: "Notícias são falsas", diz assessoria do ex-prefeito
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.