|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
RIO
Depois de atacar veículo da PM, traficantes incendeiam ônibus; Quintal dá prazo até domingo para crimes serem elucidados
Secretário dá ultimato; tráfico faz atentado
MARIO HUGO MONKEN
DA SUCURSAL DO RIO
Traficantes do complexo de favelas da Maré (zona norte do Rio)
incendiaram um ônibus ao meio-dia de ontem na Linha Amarela,
via expressa que liga as zonas norte e oeste da cidade.
O ataque aconteceu menos de
duas horas depois de o secretário
de Segurança Pública do Estado,
coronel Josias Quintal, visitar a
Maré, onde exigiu que as polícias
Civil e Militar prendam até domingo os responsáveis pelo ataque a um microônibus da PM que
deixou dez feridos, na noite de segunda-feira. O ataque aconteceu
na Baixa do Sapateiro, uma das 15
favelas do complexo.
Quintal vistoriou ontem de manhã as instalações do futuro batalhão da Polícia Militar na Maré, a
apenas 1,5 km do local em que o
ônibus foi incendiado. Desde o
ataque ao veículo da PM, 300 policiais ocupam as favelas.
Os traficantes do morro do
Timbau (vizinho da Baixa do Sapateiro), chefiados por Nei da
Conceição, o Facão, são os principais suspeitos dos atentados.
A polícia investiga a hipótese de
o ataque ao microônibus ter sido
uma retaliação à prisão, anteontem, do traficante Márcio Dias da
Silva, o Bitola, suposto gerente do
tráfico no Sapateiro. Condenado
a 15 anos por tráfico, ele era fugitivo da penitenciária de Bangu.
Ontem de manhã, ao visitar a
Maré, o secretário Josias Quintal
deu um ultimato ao comandante
do 22º Batalhão da PM (Benfica,
zona norte), tenente-coronel
Maurício Bezerra, ao titular da 21ª
Delegacia de Polícia (Bonsucesso,
zona norte), delegado Reginaldo
Guilherme, e ao diretor da DRE
(Delegacia de Repressão a Entorpecentes), delegado Luiz Alberto
de Andrade.
Disse que devem identificar e
prender até domingo os atacantes
do microônibus. Caso contrário,
afirmou de modo enigmático, vai
dar uma "ajudazinha".
Não se atira em policial
"Os autores do ataque ao microônibus têm que estar presos
até domingo e ponto final. Se isso
não ocorrer, na segunda-feira estarei dando uma ajudazinha e ajuda eu sei como fazer. O ataque ao
microônibus não ficará impune.
Os traficantes têm que entender
que não se deve atirar em polícia."
O secretário também determinou a instalação, no local construído para abrigar o batalhão da
Maré, de uma base operacional
formada pela DRE, a 21ª Delegacia de Polícia e o 22º Batalhão.
O chefe da Polícia Civil, Álvaro
Lins, e o comandante-geral da
PM, coronel Renato Hottz, não
acreditam que Quintal irá promover mudanças na cúpula da segurança. "O secretário quis dizer
que, se o prazo não for cumprido,
vai reforçar ainda mais o policiamento na Maré", disse Lins.
O microônibus, que transportava PMs para a troca de turno em
um Posto de Policiamento Comunitário da Maré, foi atacado às 20h
de quarta-feira por tiros de fuzil e
metralhadora. Desgovernado,
caiu em um valão de esgoto. Quatro policiais e uma criança de seis
anos que brincava no local foram
baleados. Cinco outros PMs sofreram escoriações com a queda.
O microônibus só foi içado na
manhã de ontem.
Ontem, dois feridos continuavam hospitalizados: o soldado
PM Fábio Leite da Costa e Wilson
Luís da Silva, que dirigia o veículo.
No incêndio do coletivo na Linha Amarela, ao meio-dia de ontem, os traficantes começaram a
atear fogo antes mesmo de os passageiros começarem a sair do veículo. A cobradora Sônia Apolinário de Souza sofreu queimaduras
nas pernas. O motorista também
ficou ferido.
Texto Anterior: Há 50 anos Próximo Texto: Crise faz Quintal pensar em assumir legislatura Índice
|