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CRIME ORGANIZADO
Presidente esteve no Espírito Santo para a adesão do Estado ao Programa Nacional de Segurança Pública
Lula critica a ausência de ação integrada das polícias
LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA
O presidente Luiz Inácio Lula da
Silva criticou ontem a não-integração das polícias Federal, Militar e Civil no combate ao crime
organizado em todo o país. Em
sua viagem ao Espírito Santo, elogiou o programa pioneiro de trabalho centralizado das polícias e
disse que o mesmo deveria ser copiado por outros Estados.
A declaração de Lula foi motivada pelo governador Paulo Hartung (PSB), que assinou ontem
um protocolo de intenções de
adesão de seu Estado ao Programa Nacional de Segurança Pública. Em contrapartida, o Espírito
Santo deverá receber R$ 50 milhões para investir na área de segurança -ontem foi repassada a
primeira parcela (R$ 15 milhões).
Organicamente, as polícias do
Espírito Santo continuam com
suas estruturas diferenciadas. Porém, na prática, trabalham juntas
para solucionar os crimes. Foi o
que ocorreu, por exemplo, com a
prisão de Odesse Martins da Silva,
o Lombrigão, acusado de assassinar o juiz Alexandre Castro Filho
há cerca de um mês.
"Esse acordo de Segurança Pública pretende unir os trabalhos
da Polícia Civil, da Polícia Militar,
do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Todos juntos para
combater o crime organizado",
afirmou o presidente.
Para Lula, o crime organizado
tem vencido as polícias, porque as
instituições têm atuado sem integração e sem inteligência, e os criminosos construíram uma "indústria, com braços na política, na
polícia e no Poder Judiciário".
O programa, segundo Lula, tem
seis metas prioritárias.
A primeira meta é a gestão unificada da informação, ou seja, as
polícias serão obrigadas a compartilhar e a cooperar com dados
para a investigação, por meio de
um sistema informatizado.
O segundo ponto destacado por
Lula é a gestão de um sistema de
segurança capaz de centralizar o
trabalho das polícias e definir, por
áreas demográficas, as principais
necessidades.
O presidente ressaltou ainda a
necessidade de uma política de
formação e aperfeiçoamento gerencial para os policiais, como o
investimento em treinamento de
policiais e melhores condições de
vida para o setor.
Faz parte das metas ainda a valorização do trabalho de perícias
-hoje praticamente inexistente
no Brasil. "Hoje, do total de crimes que ocorrem no Rio de Janeiro, apenas 6% são desvendados.
Isso precisa mudar", disse.
Os últimos dois pontos são
ações de prevenção à violência e à
criminalidade e a criação de corregedorias e ouvidorias independentes.
O discurso do presidente foi feito para uma platéia de cerca de 80
pessoas, entre deputados capixabas e políticos locais. Pelo menos
quatro dos sete deputados afastados por decisão judicial por suposto envolvimento em esquema
de corrupção - e que retornaram ao cargo por meio de liminar-compareceram ao evento.
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