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São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2003

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CRIME ORGANIZADO

Presidente esteve no Espírito Santo para a adesão do Estado ao Programa Nacional de Segurança Pública

Lula critica a ausência de ação integrada das polícias

LILIAN CHRISTOFOLETTI
ENVIADA ESPECIAL A VITÓRIA

O presidente Luiz Inácio Lula da Silva criticou ontem a não-integração das polícias Federal, Militar e Civil no combate ao crime organizado em todo o país. Em sua viagem ao Espírito Santo, elogiou o programa pioneiro de trabalho centralizado das polícias e disse que o mesmo deveria ser copiado por outros Estados.
A declaração de Lula foi motivada pelo governador Paulo Hartung (PSB), que assinou ontem um protocolo de intenções de adesão de seu Estado ao Programa Nacional de Segurança Pública. Em contrapartida, o Espírito Santo deverá receber R$ 50 milhões para investir na área de segurança -ontem foi repassada a primeira parcela (R$ 15 milhões).
Organicamente, as polícias do Espírito Santo continuam com suas estruturas diferenciadas. Porém, na prática, trabalham juntas para solucionar os crimes. Foi o que ocorreu, por exemplo, com a prisão de Odesse Martins da Silva, o Lombrigão, acusado de assassinar o juiz Alexandre Castro Filho há cerca de um mês.
"Esse acordo de Segurança Pública pretende unir os trabalhos da Polícia Civil, da Polícia Militar, do Exército, da Marinha e da Aeronáutica. Todos juntos para combater o crime organizado", afirmou o presidente.
Para Lula, o crime organizado tem vencido as polícias, porque as instituições têm atuado sem integração e sem inteligência, e os criminosos construíram uma "indústria, com braços na política, na polícia e no Poder Judiciário".
O programa, segundo Lula, tem seis metas prioritárias.
A primeira meta é a gestão unificada da informação, ou seja, as polícias serão obrigadas a compartilhar e a cooperar com dados para a investigação, por meio de um sistema informatizado.
O segundo ponto destacado por Lula é a gestão de um sistema de segurança capaz de centralizar o trabalho das polícias e definir, por áreas demográficas, as principais necessidades.
O presidente ressaltou ainda a necessidade de uma política de formação e aperfeiçoamento gerencial para os policiais, como o investimento em treinamento de policiais e melhores condições de vida para o setor.
Faz parte das metas ainda a valorização do trabalho de perícias -hoje praticamente inexistente no Brasil. "Hoje, do total de crimes que ocorrem no Rio de Janeiro, apenas 6% são desvendados. Isso precisa mudar", disse.
Os últimos dois pontos são ações de prevenção à violência e à criminalidade e a criação de corregedorias e ouvidorias independentes.
O discurso do presidente foi feito para uma platéia de cerca de 80 pessoas, entre deputados capixabas e políticos locais. Pelo menos quatro dos sete deputados afastados por decisão judicial por suposto envolvimento em esquema de corrupção - e que retornaram ao cargo por meio de liminar-compareceram ao evento.


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