Rapaz de 17 anos disse que não tinha a intenção de matar e que se defendeu ao ser ameaçado por ela com uma faca, em SP

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Um estudante de 17 anos foi preso ontem em São Paulo acusado de estrangular e matar a mãe, de 34 anos, em um condomínio de classe média no Morumbi (zona oeste de São Paulo).
A polícia informou que o rapaz, estudante de um colégio particular no mesmo bairro, praticante de artes marciais e jogador de tênis e futebol, disse que agiu em legítima defesa, já que a mãe, durante uma discussão, tentou atacá-lo com uma faca quando ambos estavam no quarto dela.
O advogado Geraldo Sadriano e o ex-padrasto do rapaz disseram que o jovem relatou ter discutido e lutado com a mãe para se defender, sem intenção de matá-la.
O crime ocorreu no apartamento em que o jovem vivia com a mãe e mais dois meios-irmãos, um de nove e outro de cinco anos, localizado na altura do n.º 6.600 da avenida Giovanni Gronchi.
Brigas rotineiras causadas pelas baixas notas obtidas no segundo ano do ensino médio e a conseqüente imposição de alguns castigos restritivos, como a proibição da prática do futebol e de autorização para sair à noite, foram os motivos alegados pelo jovem à polícia para explicar o crime.
Na versão apresentada pelo estudante, a mãe teria chegado em casa por volta das 4h30 e começado a discutir com ele. Das agressões verbais, o incidente teria tomado uma proporção ainda maior e a vítima teria pego uma faca para atacá-lo. Ainda segundo o estudante, ao tentar deter a mãe, os dois caíram no chão, onde ele quis imobilizá-la.
Após perceber a mãe desfalecida, ainda pelo relato do jovem, ele passou pela portaria do prédio e deixou a chave do apartamento. Ao chegar à casa da mãe do ex-marido da vítima, um professor de tênis de 42 anos e pai de seus dois irmãos mais novos, o rapaz contou sobre a briga e que a mãe havia ficado "desmaiada".
Preocupada, a mãe do professor de tênis ligou para ele, que passava o fim de semana com os filhos de cinco e nove anos. Ao chegar ao prédio, o ex-marido da vítima a encontrou caída no chão do quarto. "Ainda tentei reanimá-la, mas ela já estava morta. Eu a coloquei na cama e a cobri com um lençol. Tenho convicção de que ele não queria fazer isso", contou o professor de tênis, que chamou a polícia e o resgate.
O delegado Altair de Souza Filho, responsável pela detenção do adolescente, disse que uma faca foi encontrada perto do corpo.
A polícia investiga agora se o rapaz utilizou algum golpe de luta com as pernas para prendê-la pelo tronco e, com as mãos, apertar seu pescoço até o sufocamento.
Ontem, durante as mais de oito horas em que esteve na delegacia, o estudante chorou muito, segundo o advogado Sadriano, contratado pelo ex-padrasto para defendê-lo. Da delegacia, o rapaz seguiu para uma unidade da Febem, onde aguardará uma decisão do juiz da Vara da Infância.


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