São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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Professora da Unesp afirma não haver risco de tsunami

DA REPORTAGEM LOCAL

Tereza Yamabe, professora de geofísica da Unesp, disse ontem à Folha que o Brasil não é um local propício a grandes terremotos em razão de estar no meio de uma grande placa, região mais estável que as bordas. Entretanto, ela afirma que terremotos de nível médio podem acontecer, principalmente em regiões como a plataforma continental, mas que isso não oferece um risco de maremotos ou tsunamis. Veja trechos da entrevista concedida ontem, por telefone.

 

FOLHA - O terremoto de ontem e os verificados no último ano são motivo de alarme ou sinalizam alguma tendência?
TEREZA YAMABE -
Não são motivo de alarme. Os terremotos não são incomuns em regiões como a plataforma continental. Eles têm sido registrados em maior número no país, mas não sei se estão acontecendo mais vezes ou se a medição que é recente. Nunca tinha havido vítima fatal até o ano passado. Antes da década de 70 praticamente não tinha aparelho de medição. Além do que, o número de prédios altos, onde os efeitos são mais sentidos, era menor.

FOLHA - Há risco de tsunamis ou maremotos?
TEREZA -
Não se tem notícias de tsunamis no Atlântico. As características das placas litosféricas são diferentes e não há necessidade de alarmar as pessoas. No Japão, onde há mais registro de maremotos, há o encontro de quatro placas.

FOLHA - Por que os terremotos de grandes proporções não são comuns no Brasil?
TEREZA -
Porque o país está em uma região central da placa litosférica sul-americana, onde a tensão é menor do que nas bordas. A placa sul-americana se afasta da África e se choca com a placa de Nazca, que vem do Pacífico. Essa região de encontro é mais propensa a terremotos, os quais às vezes sentimos. As placas se movem em razão da transferência de calor passada pela movimentação das rochas derretidas. As placas se movimentam lentamente, mas vão acumulando tensão até que racham, liberando a energia acumulada por meio de ondas.

FOLHA - Na parte continental há regiões mais propícias?
TEREZA -
A região do Mato Grosso ou o oeste do Estado de São Paulo costumam registrar mais tremores. Em Bebedouro (381 km da capital) tem terremotos todos os anos desde 2004. Em 1922 houve um grande terremoto na parte leste.


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