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Moradores dizem ter sentido que prédios iam desmoronar
Com susto, edifícios e universidades foram esvaziados; na zona oeste, bombeiros tiveram de vistoriar rachaduras
"Vi prédio ir para a direita para a esquerda", conta moradora do Butantã; em Ubatuba, surfista pensou se tratar de assombração
DA REPORTAGEM LOCAL
DA FOLHA ONLINE
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
Ronaldo, 36, achou que o prédio estava caindo. Patrícia, 37,
assustada, viu o edifício onde
mora ir "para a direita e para a
esquerda". No banho, Sérgio,
71, sentiu que o chuveiro balançava. O rápido tremor de ontem
assustou moradores de São
Paulo , rachou paredes e fez
edifícios e universidades serem
esvaziados. O medo era de que
tudo desabasse. O fenômeno
foi sentido em outros Estados.
"Nunca vi nada igual. Estava
sentado no sofá. De repente,
senti uma vibração, olhei em
volta e tudo estava tremendo
-móveis, janelas e um aquário
que tenho. Achei que o prédio
estava caindo", disse o zelador
Ronaldo Sena, morador do
quarto andar de um prédio na
Saúde (zona sul de São Paulo).
Com ele estavam a mulher, o irmão e o filho de três anos -todos ficaram assustados e foram
em direção à entrada do prédio.
O mesmo ocorreu num prédio no Sumaré (zona oeste) tão
logo o tremor ocorreu. Um homem, sua mulher e a filha desceram apressados para a rua
-iam para a casa de um parente em Santana (zona norte), segundo o segurança do prédio,
Paulo Oliveira de Menezes, 46,
que viu a cena.
"Foi um grande susto. Nunca
passei por isso", disse Patrícia
Barboza, funcionária de um
hospital, que mora com a mãe
no sexto andar de um edifício
no Butantã (zona oeste). O prédio, segundo ela, foi para a "esquerda e para a direita" várias
vezes. O tremor, diz, durou dez
segundos. Na porta, logo em seguida, a vizinha batia: assustada, buscava ajuda.
Chuveiro se mexeu
Síndico de um prédio no Sumaré, Sérgio Alves Medeiros,
71, estava no banho quando notou que o chuveiro se mexia.
Ele mora no nono andar. "Fiquei no banho e me perguntei:
"Será que estou voltando a ficar
doente?" Quando saí, meu filho
quis saber se eu tinha sentido
algo, pois ele viu a persiana da
janela se mexer. Desci do apartamento, pois tinha certeza que
outros moradores desceriam,
preocupados." Hoje, ele faria
uma inspeção em busca de
eventuais danos ao sistema hidráulico do edifício.
Moradoras do 16º andar do
mesmo prédio do Sumaré, as
publicitárias Fernanda, 27, e
Paula Coimbra, 30, tentaram ligar para os bombeiros, mas as
linhas estavam ocupadas.
Num edifício vizinho, o engenheiro de produção Eduardo
Guercia, 38, que vive no 17º andar, pensou estar delirando.
"Estava deitado no sofá, e ele
começou a balançar. Olhei para
o vaso, que também estava balançando e achei que estava
tendo uma alucinação", diz. O
sofá, conta, saiu do lugar.
Em Higienópolis (zona oeste), moradores do edifício Magnólia, na rua Itacolomi, desceram assustados com o tremor.
Perto dali, na avenida Angélica,
a artista plástica Márcia Pastore sentiu a cadeira em que estava sentada balançar. "Foi forte,
esquisito mesmo. Só me dei
conta de que era um tremor
porque minha irmã, que mora
em Perdizes, ligou e relatou a
mesma sensação", diz.
"Na hora me veio à cabeça
que poderia ser um terremoto",
disse a corretora de imóveis
Ana Lúcia Tomko Toyama, 29,
que mora em Osasco (Grande
SP). A exemplo de outros relatos, ela sentiu o sofá, outros
móveis e quadros balançarem.
Rachaduras
Próximo ao Butantã, no altura do km 13 da rodovia Raposo
Tavares, a moradora Eliane
Oliveira viu rachaduras nas paredes da sala e dos quartos. "Estava na cama, e a porta do guarda-roupas começou a tremer.
Achei que fosse um caminhão
passando na rua", diz a filha de
Eliane, Laís Oliveira Andrade.
Logo depois do tremor, todos
os moradores desceram e ficaram na rua até a chegada dos
bombeiros, que, depois de uma
vistoria, descartaram riscos de
desabamento e liberaram o
prédio por volta das 23h.
Em Ubatuba (litoral norte), a
surfista Elisabete Pereira, 31,
pensou se tratar de assombração quando o mezanino tremeu. "Comecei a rezar. Em seguida, ouvi os vizinhos saindo
de suas casas assustados."
Em Mogi das Cruzes (Grande
SP), as duas universidades
(Universidade Braz Cubas e
Universidade de Mogi das Cruzes) liberaram os alunos logo
depois do tremor. Em um bairro da cidade, um prédio foi esvaziado após moradores sentirem um cheiro de forte de gás.
A Defesa Civil da região de
Campinas (95 km de SP) registrou chamadas de moradores
de, ao menos, 15 cidades do interior que ficam no entorno.
Outros Estados
O tremor foi sentido do Rio a
Santa Catarina. No Rio, a Defesa Civil recebeu inúmeros chamados de regiões como a Ilha
do Governador e Laranjeiras,
de pessoas em busca de informações. Nenhum dano havia
sido constatado. Em Angra dos
Reis (a 150 km do Rio), a Defesa
Civil recebeu vários chamados,
e a maior preocupação era com
a situação da usina nuclear.
Não houve danos.
Segundo a Defesa Civil do Paraná, o tremor foi sentido em
Curitiba, Paranaguá e São José
dos Pinhais. Não foram registrados danos nem feridos.
Em Florianópolis (SC), o
abalo foi sentido no centro da
ilha e em bairros próximos. O
mesmo ocorreu em Joinville.
(RAFAEL SAMPAIO, VINÍCIUS QUEIROZ GALVÃO, ESTEVÃO BERTONI, TALITA BEDINELLI, MAURÍCIO SIMIONATO E MALU
TOLEDO)
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