São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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Polícia recua e adia anúncio de laudos do caso Isabella

Motivo foi o temor de que defesa contestasse futuramente o inquérito sob a alegação de não ter tido acesso às provas

Segundo a polícia, faltam ainda quatro depoimentos imprescindíveis; relatórios técnicos foram anexados ontem ao inquérito do caso

DA REPORTAGEM LOCAL

Um dia após a defesa do pai e da madrasta de Isabella Nardoni, 5, anunciar que entraria com representação na Corregedoria da Polícia Civil para que seja apurada a maneira como foram conduzidas as investigações sobre a morte da menina, a Secretaria da Segurança cancelou uma entrevista na qual seriam revelados os laudos da Polícia Científica sobre o caso.
O recuo da cúpula da polícia ocorreu por medo de que os advogados pudessem alegar não ter tido acesso às provas e contestá-las judicialmente.
Na visão da cúpula da polícia de São Paulo, é melhor voltar atrás agora do que sofrer uma derrota mais adiante.
Os laudos foram oficialmente anexados ontem ao inquérito policial, que pode ser consultado pela defesa do casal.
"Nós não queremos instruir [os advogados de defesa]. Eu acho que a defesa tem que ter acesso ao laudo e tomar seu próprio posicionamento. A defesa não deve ter acesso ao que a polícia pensa e ao que a polícia vai perguntar", afirmou Aldo Galiano Júnior, delegado diretor do Decap, ao justificar a suspensão da entrevista -que havia sido anunciada no fim da tarde da última sexta-feira.
Ontem, porém, autoridades envolvidas na investigação do caso foram chamadas para uma reunião com a Secretaria da Segurança Pública, quando foi decidido que a divulgação dos laudos seria cancelada.
O delegado Galiano Júnior afirmou que o fato de quatro depoimentos imprescindíveis não terem acontecido e a reconstituição do crime não ter sido realizada também motivaram o cancelamento.
Dois desses depoimentos são de Cristiane e Antonio Nardoni, tia e avô de Isabella. Eles aconteceriam ontem, mas foram adiados para hoje. As outras duas testemunhas seriam vizinhos do edifício London.
O promotor Francisco José Taddei Cembranelli acredita que o inquérito policial seja concluído e enviado ao Ministério Público até a próxima segunda-feira. Só então, segundo ele, será possível pensar em um pedido de prisão preventiva de Alexandre e de Anna Jatobá.
Cembranelli afirmou também que durante seus depoimentos, na sexta-feira, Nardoni e sua mulher tiveram que responder a perguntas baseadas em informações dos laudos da perícia. "Eles responderam, mas muitas respostas foram: "não sei" e "nunca ouvi falar'".
Durante a entrevista para explicar por que não divulgaria os laudos, Galiano Júnior chegou a ser impedido pelo porta-voz da Secretaria da Segurança Pública, Ênio Lucciola Lopes Gonçalves, de se manifestar diante das perguntas.


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