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Polícia recua e adia anúncio de laudos do caso Isabella
Motivo foi o temor de que defesa contestasse futuramente o inquérito sob a alegação de não ter tido acesso às provas
Segundo a polícia, faltam ainda quatro depoimentos imprescindíveis; relatórios técnicos foram anexados ontem ao inquérito do caso
DA REPORTAGEM LOCAL
Um dia após a defesa do pai e
da madrasta de Isabella Nardoni, 5, anunciar que entraria
com representação na Corregedoria da Polícia Civil para que
seja apurada a maneira como
foram conduzidas as investigações sobre a morte da menina, a
Secretaria da Segurança cancelou uma entrevista na qual seriam revelados os laudos da Polícia Científica sobre o caso.
O recuo da cúpula da polícia
ocorreu por medo de que os advogados pudessem alegar não
ter tido acesso às provas e contestá-las judicialmente.
Na visão da cúpula da polícia
de São Paulo, é melhor voltar
atrás agora do que sofrer uma
derrota mais adiante.
Os laudos foram oficialmente anexados ontem ao inquérito
policial, que pode ser consultado pela defesa do casal.
"Nós não queremos instruir
[os advogados de defesa]. Eu
acho que a defesa tem que ter
acesso ao laudo e tomar seu
próprio posicionamento. A defesa não deve ter acesso ao que
a polícia pensa e ao que a polícia
vai perguntar", afirmou Aldo
Galiano Júnior, delegado diretor do Decap, ao justificar a suspensão da entrevista -que havia sido anunciada no fim da
tarde da última sexta-feira.
Ontem, porém, autoridades
envolvidas na investigação do
caso foram chamadas para uma
reunião com a Secretaria da Segurança Pública, quando foi decidido que a divulgação dos laudos seria cancelada.
O delegado Galiano Júnior
afirmou que o fato de quatro
depoimentos imprescindíveis
não terem acontecido e a reconstituição do crime não ter
sido realizada também motivaram o cancelamento.
Dois desses depoimentos são
de Cristiane e Antonio Nardoni, tia e avô de Isabella. Eles
aconteceriam ontem, mas foram adiados para hoje. As outras duas testemunhas seriam
vizinhos do edifício London.
O promotor Francisco José
Taddei Cembranelli acredita
que o inquérito policial seja
concluído e enviado ao Ministério Público até a próxima segunda-feira. Só então, segundo
ele, será possível pensar em um
pedido de prisão preventiva de
Alexandre e de Anna Jatobá.
Cembranelli afirmou também que durante seus depoimentos, na sexta-feira, Nardoni e sua mulher tiveram que
responder a perguntas baseadas em informações dos laudos
da perícia. "Eles responderam,
mas muitas respostas foram:
"não sei" e "nunca ouvi falar'".
Durante a entrevista para explicar por que não divulgaria os
laudos, Galiano Júnior chegou
a ser impedido pelo porta-voz
da Secretaria da Segurança Pública, Ênio Lucciola Lopes
Gonçalves, de se manifestar
diante das perguntas.
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