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ALUYSIO MENDONÇA SAMPAIO (1926 - 2008)
Juiz escritor ou pintor e editor diletante
WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Parece a quem entra na casa do jurista e poeta Aluysio Mendonça Sampaio, em São
Paulo, que ali morou um pintor -o que é meia verdade.
Há mais de 50 quadros cobrindo as paredes, "com as
casinhas pobres do Nordeste, janela e porta, porta e janela", pintados a cada dez
anos. "Quando acabava a inspiração, ficava outros dez
sem pintar. Aí só escrevia."
Filho de um funcionário
público e de uma dona de casa, nasceu em Aracaju. Tinha
um irmão advogado, de cujos
livros se servia. "Queria ser
um escritor social", diz a viúva. Mas acabou formado em
direito, indo para São Paulo
advogar com o irmão. Trabalhou em sindicatos e estudou
na biblioteca Mário de Andrade para o concurso de juiz
trabalhista. Passou, em 1957.
"Quis ser juiz para ter tempo de escrever", diz a viúva, e
até publicou livros jurídicos.
Mas logo a veia literária aflorou e foram surgindo contos,
poesias e romances. Aposentado, fundou a revista LB e,
com dinheiro do próprio bolso, juntava quatro poesias de
quatro escritores dos quatro
cantos do Brasil, em uma revistinha de 48 páginas, publicada quatro vezes por ano.
"Vivia lendo na poltrona
dele", quando não estava na
sede da União Brasileira de
Escritores ou editando a LB
ou ainda com os quatro filhos
e quatro netos.
Ao morrer no dia 11, aos 81,
de derrame, deixou pronto o
editorial para o número 50
da revista. A viúva e os filhos
fecharão a edição, a ser publicada em sua homenagem.
obituario@folhasp.com.br
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