São Paulo, quarta-feira, 23 de abril de 2008

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ALUYSIO MENDONÇA SAMPAIO (1926 - 2008)

Juiz escritor ou pintor e editor diletante

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Parece a quem entra na casa do jurista e poeta Aluysio Mendonça Sampaio, em São Paulo, que ali morou um pintor -o que é meia verdade. Há mais de 50 quadros cobrindo as paredes, "com as casinhas pobres do Nordeste, janela e porta, porta e janela", pintados a cada dez anos. "Quando acabava a inspiração, ficava outros dez sem pintar. Aí só escrevia."
Filho de um funcionário público e de uma dona de casa, nasceu em Aracaju. Tinha um irmão advogado, de cujos livros se servia. "Queria ser um escritor social", diz a viúva. Mas acabou formado em direito, indo para São Paulo advogar com o irmão. Trabalhou em sindicatos e estudou na biblioteca Mário de Andrade para o concurso de juiz trabalhista. Passou, em 1957.
"Quis ser juiz para ter tempo de escrever", diz a viúva, e até publicou livros jurídicos. Mas logo a veia literária aflorou e foram surgindo contos, poesias e romances. Aposentado, fundou a revista LB e, com dinheiro do próprio bolso, juntava quatro poesias de quatro escritores dos quatro cantos do Brasil, em uma revistinha de 48 páginas, publicada quatro vezes por ano.
"Vivia lendo na poltrona dele", quando não estava na sede da União Brasileira de Escritores ou editando a LB ou ainda com os quatro filhos e quatro netos.
Ao morrer no dia 11, aos 81, de derrame, deixou pronto o editorial para o número 50 da revista. A viúva e os filhos fecharão a edição, a ser publicada em sua homenagem.


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