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Piquete termina em confusão na Física
Um professor registrou boletim de ocorrência por lesão corporal contra alunos; estudantes dizem que eles é que foram agredidos
Grevistas promoveram "barulhaço" para atrapalhar os colegas e professores
que furaram o bloqueio e insistiam em ter aulas
KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL
Confusão, empurra-empurra
e muito bate-boca envolvendo,
de um lado, alunos favoráveis à
greve e, de outro, professores e
estudantes contrários à paralisação, marcaram ontem o piquete realizado por um grupo
de grevistas para impedir a realização de aulas no Ifusp (Instituto de Física da Universidade
de São Paulo).
O professor titular e chefe do
departamento de física matemática do Ifusp, Elcio Abdalla,
53, chegou a registrar boletim
de ocorrência no 93º DP (Jaguaré) por lesão corporal contra alunos que o teriam ferido
no braço e perna.
Os estudantes discordam: dizem que foram eles os agredidos pelo acadêmico, que aparece arremessando uma carteira
num vídeo feito pelos alunos e
disponibilizado na internet.
Abdalla chamou a Polícia Militar para intervir, mas os policiais foram embora sem fazer
nada. Ninguém foi preso.
A confusão começou quando
alunos de física favoráveis à invasão da reitoria colocaram
carteiras em duas das três entradas do edifício de dois andares para barrar a passagem daqueles que queriam assistir às
aulas. Em assembléia anteontem à noite, os alunos tinham
decidido entrar em greve.
Munidos de instrumentos
musicais, os grevistas promoveram um "barulhaço" para
atrapalhar os colegas e professores que furaram o bloqueio e
insistiam em ter aula.
"Eu quero assistir aula, quero
ter emprego no futuro", protestou a estudante Cibele Batista.
Para Bernardo Andrade, 21, a
greve dos alunos de física é
"justa e legítima" porque foi decidida em assembléia. "Mais de
150 alunos estiveram presentes
e a maioria optou pela greve em
apoio à ocupação da reitoria."
Gravação
Na imagem de 1min29s feita
por alunos e obtida pela Folha,
estudantes aparecem impedindo Abdalla de sair do prédio.
Revoltado, o professor empurra as carteiras e arremessa
uma contra as demais, que cai
perto de um grupo de estudantes -os alunos, porém, alegam
que foram atingidos.
Em seguida, o professor passa por mais três estudantes,
discute com uma aluna, e sai
pela porta que havia sido bloqueada pelos alunos.
"Eles [alunos grevistas] são
"nazifascineoesquerdistas".
Pertencem ao PSTU, PCO,
PSOL e PC do B. Não joguei
carteira em cima de ninguém.
Eu tenho o direito de sair e o
direito de entrar", afirmou Abdalla, que se declarou contrário
à greve dos estudantes.
Segundo a direção do IFUSP,
90% das aulas do período da
manhã e da tarde ficaram comprometidas. A decisão, porém,
prevê manter as aulas hoje.
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