São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Piquete termina em confusão na Física

Um professor registrou boletim de ocorrência por lesão corporal contra alunos; estudantes dizem que eles é que foram agredidos

Grevistas promoveram "barulhaço" para atrapalhar os colegas e professores que furaram o bloqueio e insistiam em ter aulas


KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

Confusão, empurra-empurra e muito bate-boca envolvendo, de um lado, alunos favoráveis à greve e, de outro, professores e estudantes contrários à paralisação, marcaram ontem o piquete realizado por um grupo de grevistas para impedir a realização de aulas no Ifusp (Instituto de Física da Universidade de São Paulo).
O professor titular e chefe do departamento de física matemática do Ifusp, Elcio Abdalla, 53, chegou a registrar boletim de ocorrência no 93º DP (Jaguaré) por lesão corporal contra alunos que o teriam ferido no braço e perna.
Os estudantes discordam: dizem que foram eles os agredidos pelo acadêmico, que aparece arremessando uma carteira num vídeo feito pelos alunos e disponibilizado na internet.
Abdalla chamou a Polícia Militar para intervir, mas os policiais foram embora sem fazer nada. Ninguém foi preso.
A confusão começou quando alunos de física favoráveis à invasão da reitoria colocaram carteiras em duas das três entradas do edifício de dois andares para barrar a passagem daqueles que queriam assistir às aulas. Em assembléia anteontem à noite, os alunos tinham decidido entrar em greve.
Munidos de instrumentos musicais, os grevistas promoveram um "barulhaço" para atrapalhar os colegas e professores que furaram o bloqueio e insistiam em ter aula.
"Eu quero assistir aula, quero ter emprego no futuro", protestou a estudante Cibele Batista.
Para Bernardo Andrade, 21, a greve dos alunos de física é "justa e legítima" porque foi decidida em assembléia. "Mais de 150 alunos estiveram presentes e a maioria optou pela greve em apoio à ocupação da reitoria."

Gravação
Na imagem de 1min29s feita por alunos e obtida pela Folha, estudantes aparecem impedindo Abdalla de sair do prédio.
Revoltado, o professor empurra as carteiras e arremessa uma contra as demais, que cai perto de um grupo de estudantes -os alunos, porém, alegam que foram atingidos.
Em seguida, o professor passa por mais três estudantes, discute com uma aluna, e sai pela porta que havia sido bloqueada pelos alunos.
"Eles [alunos grevistas] são "nazifascineoesquerdistas". Pertencem ao PSTU, PCO, PSOL e PC do B. Não joguei carteira em cima de ninguém. Eu tenho o direito de sair e o direito de entrar", afirmou Abdalla, que se declarou contrário à greve dos estudantes.
Segundo a direção do IFUSP, 90% das aulas do período da manhã e da tarde ficaram comprometidas. A decisão, porém, prevê manter as aulas hoje.


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