São Paulo, quarta-feira, 23 de maio de 2007

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Greve da PF prejudica emissão de passaporte

"Operação-padrão" dos policiais também provocou atrasos no aeroporto de Guarulhos; 62 vôos internacionais foram afetados

A paralisação foi causada por divergências entre a categoria e o governo federal sobre as bases de um reajuste salarial


ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Cerca de 13 mil servidores da Polícia Federal de todo o país (delegados, agentes, papiloscopistas, escrivães e peritos) iniciaram ontem uma greve de 72 horas. A paralisação foi causada por divergências entre a categoria e os ministérios do Planejamento e da Justiça sobre as bases de um reajuste salarial.
Em todo o país, com exceção do Distrito Federal, o serviço de emissão de passaportes foi o mais afetado. Os funcionários da PF decidiram só emitir o documento em casos de urgência.
Ontem pela manhã, na porta da Superintendência da PF em São Paulo, na Lapa (zona oeste), uma das mais movimentadas do país, cerca de 300 pessoas protestaram contra a paralisação dos serviços.
Na segunda-feira, representantes dos funcionários da PF se reuniram com integrantes do Ministério do Planejamento e cobraram o cumprimento de um acordo de fevereiro de 2006 com o Ministério da Justiça, no qual teriam sido acertados aumento de 60%, pago em duas parcelas, e a reestruturação da carreira da categoria.
Pela nova proposta apresentada pelo Planejamento e recusada na segunda-feira pelos funcionários da PF, a categoria receberia 30% de aumento, pago em duas parcelas -uma em junho de 2008 e outra em junho de 2009.
Amanhã, nova reunião entre governo e representantes da categoria definirá, em Brasília, o futuro da greve, que poderá ser por prazo indeterminado.
A justificativa do governo federal para parcelar o reajuste salarial é que o pagamento feito de uma só vez pode afetar as contas do PAC (Programa de Aceleração do Crescimento).
O presidente do Sindicato dos Servidores da Polícia Federal de SP, Francisco Carlos Sabino, disse que a adesão à paralisação da categoria ocorreu em todas as 14 delegacias da PF, totalizando 2.300 funcionários.
"Só conseguimos atingir o governo se paramos os serviços de atendimento ao povo. Foi assim que aprendemos a reivindicar com o Lula, que era sindicalista", disse Sabino.
À tarde, a PF iniciou a "operação-padrão" (checagem rigorosa dos passageiros que embarcam e desembarcam de vôos internacionais). No aeroporto internacional de Cumbica, em Guarulhos (Grande SP), 62 vôos (com cerca de 12 mil passageiros) sofreram atrasos.
A demora na checagem afetou o comissário Laildo Maluf Bittar Filho, 40, que viajava da Coréia do Sul para Campo Grande (MS), onde visitaria a mãe, "doente em estado terminal", e a irmã, "recém-operada para a extração de três tumores". "Para quem eu vou chorar com tanta demora na fila? Não temos nada com o problema salarial da PF", disse.


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