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Polícia do "morro" supera a do "asfalto"
Em algumas favelas do Rio, unidades pacificadoras têm mais PMs que bairros vizinhos, como Copacabana
Sucesso do projeto faz governo redefinir ocupação; "UPP não é solução para tudo", diz secretário da Segurança
ITALO NOGUEIRA
DO RIO
Garantir o funcionamento
da creche no alto da favela
Dona Marta, zona sul do Rio,
foi o pontapé inicial involuntário para a principal bandeira da política de segurança
do Rio. No ano e meio seguinte, a pacificação de favelas
ganhou metodologia e fama.
Mas, ao mesmo tempo em
que as UPPs (Unidades de
Polícia Pacificadora) já contam com mais policiais do
que bairros vizinhos, a Secretaria de Segurança busca
conter a euforia e limitar o
poder de alcance do projeto.
A ocupação inaugurou nova fase em abril. Avança sobre conjuntos de favelas na
Tijuca (zona norte) e expõe
novos pesos da balança do
policiamento do Rio.
As seis UPPs que a secretaria pretende instalar em favelas da Tijuca e bairros vizinhos vão absorver 1.720 soldados recém-formados (regra para trabalhar na unidade), resultando em 26 PMs
para cada mil habitantes.
Isso supera o efetivo de
1.424 agentes à disposição
dos dois batalhões "do asfalto", onde a taxa é de 1,5 PM
para mil moradores.
Na zona sul, a balança
também pende para o programa. Nas três unidades
que atendem às seis favelas
de Copacabana e Leme há
404 policiais; no policiamento dos dois bairros, são 381.
A secretaria diz ter optado
por um cenário "pessimista"
para "garantir territorialmente a ocupação do espaço
público". Vai rever o efetivo
das UPPs a cada três anos.
O governo agora tenta conter o otimismo exagerado
após o fim do controle criminoso em 15 das mais de 900
favelas. No mês passado, a
secretaria reuniu a cúpula da
polícia para harmonizar conceitos sobre UPPs.
"UPP não é solução para
tudo. O objetivo é tirar a arma
de guerra. Reduzir o tráfico é
consequência. Com policiamento [na favela], posso fazer prevenção e investigação", diz o secretário José
Mariano Beltrame.
"Bocas de fumos ostensivas acabam. Mas a venda de
droga sempre vai existir enquanto houver consumo",
afirma Roberto Alzir, superintendente de Planejamento
Operacional da pasta.
INÍCIO
A ocupação da pequena
favela Dona Marta, em dezembro de 2008, foi feita a
pedido do governador Sérgio
Cabral (PMDB). Ele queria
que uma creche, construída
dois anos antes, pudesse finalmente funcionar.
Na Cidade de Deus, favela
com mais de 40 mil pessoas,
a ocupação foi iniciativa do
comandante na área.
Após o sucesso das ações,
a pasta decidiu abraçar num
só programa a pacificação de
favelas. Apontou como destino 92 áreas da região metropolitana -47 prioritárias,
que vão demandar 12.500
PMs, aumento de 29% do efetivo atual de 38 mil homens.
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