São Paulo, domingo, 23 de junho de 2002

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ENTREVISTA

SP treina médicos para evitar sífilis e Aids

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

A cidade de São Paulo está iniciando um grande treinamento de médicos para eliminar a sífilis congênita e reduzir para menos de 1% os casos de HIV-Aids transmitidos da mãe para o filho. Há um século já existe diagnóstico e tratamento para impedir a transmissão materno-infantil (TMI) da sífilis. A cidade de São Paulo, no entanto, registrou 3.132 casos da doença entre setembro de 1996 e agosto de 2001, o que significa 6,8 casos a cada mil nascidos vivos. Uma década atrás, a Organização Mundial da Saúde estabeleceu como meta um caso por mil nascidos vivos.
A iniciativa de controle da TMI em sífilis e Aids foi lançada na quinta-feira pela Secretaria de Saúde do município em parceria com o Conselho Regional de Medicina (CRM) e a Coordenação Nacional de DST-Aids.
"A sífilis adquirida em relações sexuais pode ser evitada com o preservativo, e a sífilis congênita já deveria estar extinta", diz Fabio Mesquita, coordenador do programa municipal de DST/Aids. Leia trechos de sua entrevista:

Folha - Como será o treinamento?
Fabio Mesquita -
Todos os médicos da rede pública serão treinados por profissionais da própria secretaria, seguindo o manual de controle da sífilis congênita e as recomendações da TMI do HIV, do Ministério da Saúde. O mesmo treinamento está sendo oferecido pelo CRM para médicos que atendem pacientes de convênios e particulares. Isso significa que todos os pré-natais da cidade estarão sendo acompanhados por médicos treinados. O Ministério da Saúde, por sua vez, estará treinando médicos de maternidades de todo o país.

Folha - Como é feito o controle?
Mesquita -
O médico pedirá à gestante e a quem pretende engravidar que faça o VDRL, sigla em inglês para um teste muito simples, mas que necessita de correta interpretação. Se positivo, a mulher será imediatamente tratada e o médico orientará o parceiro para que ele também faça o exame e o tratamento.

Folha - O que acontece com o feto ou bebê infectado pela sífilis?
Mesquita -
Cerca de 40% deles morrem antes do nascimento ou nos 30 dias seguintes. Os outros nascem com más-formações na arcada dentária, com surdez ou problemas ósseos.

Folha - E com relação ao HIV?
Mesquita -
Cerca de 70 crianças ainda nascem com HIV a cada ano em São Paulo. Há quatro anos já existe tratamento para que esse número seja reduzido a um caso em cada cem crianças que nascem de mães com HIV-Aids. Pesquisas no Brasil mostram que 50% das mulheres chegam ao parto sem fazer teste de HIV. Em cinco maternidades de São Paulo esse número foi de 20%, o que ainda é muito alto.



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