São Paulo, sexta-feira, 23 de junho de 2006

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Hospital pára atendimento, dizem pacientes

LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL

ROGÉRIO CASSIMIRO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO

Pacientes que procuraram ontem o hospital municipal do Tatuapé, na zona leste, tiveram que esperar na fila, do lado de fora, durante horas. Segundo eles, os médicos pararam para assistir ao Brasil jogar. A direção do hospital nega.
"Cheguei aqui às 13h. Estou com cólica renal, com dor. Quando achava que iria ser atendida, o funcionário disse que o médico iria parar às 16h para assistir ao jogo. É uma falta de respeito", afirmou a vendedora Aline Rocha, 24.
Segundo os pacientes, nem as fichas de atendimento eram feitas minutos antes do jogo.
"Está todo mundo lá assistindo. Só quando terminar, vão atender a gente", gritava a ambulante Ivone Gomes de Medeiros Costa, 60. Ela disse que estava com pneumonia e febre.
A Folha tentou falar com a assessoria de imprensa do hospital, mas foi informada que toda a parte administrativa havia sido liberada às 14h por meio da determinação de ponto facultativo do prefeito Gilberto Kassab (PFL).
A reportagem pediu então para falar com o médico responsável, Gerson Tadeu. Ele informou que a Folha deveria procurar a diretoria. Ao ouvir que a diretoria não estava, disse: "Vire-se, problema seu."
Nesse momento o repórter-fotográfico Rogério Cassimiro fotografou o médico. Irritado, Tadeu disse não ter autorizado a foto e agrediu Cassimiro.
Antes da confusão com o médico, um segurança do hospital já havia tentado impedir o trabalho de Cassimiro.
O caso de agressão foi registrado no 52º DP (Parque São Jorge). Procurado na delegacia, o médico não quis falar.
O diretor-técnico do hospital, Silvio Ures, que não estava na unidade no horário do jogo, negou que o atendimento tenha parado durante a partida. "Não existe esquema especial."
Segundo ele, ontem faltou um clínico-geral, em uma equipe de mais de 40 médicos. O PS, porém, tem um déficit de profissionais de 10%. Um total de 180 médicos trabalham lá.
O número de atendimentos da manhã de ontem, 360 até as 14h, foi maior do que o da tarde, 140 pessoas até as 19h. Por volta desse horário, a Folha retornou ao hospital e dois pacientes que estavam lá desde as 12h não haviam sido atendidos.
Ures disse que as limitações aos jornalistas visam preservar pacientes e médicos -por estarem "concentrados e preocupados." Será aberta sindicância sobre a agressão.


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