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Hospital pára atendimento, dizem pacientes
LUÍSA BRITO
DA REPORTAGEM LOCAL
ROGÉRIO CASSIMIRO
REPÓRTER-FOTOGRÁFICO
Pacientes que procuraram
ontem o hospital municipal do
Tatuapé, na zona leste, tiveram
que esperar na fila, do lado de
fora, durante horas. Segundo
eles, os médicos pararam para
assistir ao Brasil jogar. A direção do hospital nega.
"Cheguei aqui às 13h. Estou
com cólica renal, com dor.
Quando achava que iria ser
atendida, o funcionário disse
que o médico iria parar às 16h
para assistir ao jogo. É uma falta de respeito", afirmou a vendedora Aline Rocha, 24.
Segundo os pacientes, nem
as fichas de atendimento eram
feitas minutos antes do jogo.
"Está todo mundo lá assistindo. Só quando terminar, vão
atender a gente", gritava a ambulante Ivone Gomes de Medeiros Costa, 60. Ela disse que
estava com pneumonia e febre.
A Folha tentou falar com a
assessoria de imprensa do hospital, mas foi informada que toda a parte administrativa havia
sido liberada às 14h por meio
da determinação de ponto facultativo do prefeito Gilberto
Kassab (PFL).
A reportagem pediu então
para falar com o médico responsável, Gerson Tadeu. Ele
informou que a Folha deveria
procurar a diretoria. Ao ouvir
que a diretoria não estava, disse: "Vire-se, problema seu."
Nesse momento o repórter-fotográfico Rogério Cassimiro
fotografou o médico. Irritado,
Tadeu disse não ter autorizado
a foto e agrediu Cassimiro.
Antes da confusão com o médico, um segurança do hospital
já havia tentado impedir o trabalho de Cassimiro.
O caso de agressão foi registrado no 52º DP (Parque São
Jorge). Procurado na delegacia,
o médico não quis falar.
O diretor-técnico do hospital, Silvio Ures, que não estava
na unidade no horário do jogo,
negou que o atendimento tenha parado durante a partida.
"Não existe esquema especial."
Segundo ele, ontem faltou
um clínico-geral, em uma equipe de mais de 40 médicos. O
PS, porém, tem um déficit de
profissionais de 10%. Um total
de 180 médicos trabalham lá.
O número de atendimentos
da manhã de ontem, 360 até as
14h, foi maior do que o da tarde, 140 pessoas até as 19h. Por
volta desse horário, a Folha retornou ao hospital e dois pacientes que estavam lá desde as
12h não haviam sido atendidos.
Ures disse que as limitações
aos jornalistas visam preservar
pacientes e médicos -por estarem "concentrados e preocupados." Será aberta sindicância
sobre a agressão.
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