São Paulo, sábado, 23 de junho de 2007

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Especialistas afirmam que é inútil reprimir

DA SUCURSAL DO RIO

Há 33 anos atendendo a autistas, o psiquiatra Raymond Rosenberg diz que é inútil reprimir com "não pode" os adolescentes especiais que tocam em órgãos genitais ou tiram a roupa em público.
"Existe uma regra de ouro: é proibido falar uma palavra proibida, que começa com "n" e termina com "a" e "o". Se você a usa para evitar que ele tire a roupa, o autista vai entender o verbo, o núcleo da ação, e continuar tirando a roupa. É preciso trocar por outra ação: "põe a roupa". Ou "põe a mão no bolso", se ele está se tocando", orienta o psiquiatra.
Para Rosenberg, aos 14 ou 15 anos, um autista ainda é um menino. Quando mexe no pênis ou toca no seio de uma mulher, não expressa desejos sexuais, mas confirma rituais que pratica desde os 5 anos. O problema é que os rituais se tornam constrangedores.

Firmeza
O médico diz que os pais ou responsáveis por adolescentes especiais precisam ter "firmeza, constância e gentileza". "Se forem bravos, inconstantes e rudes, vão afastar a criança. E isto serve para qualquer criança, não só autista", afirma.
Ele diz que é preciso educar ("não gosto de "treinar") para criar os limites. Masturbar-se no banheiro, por exemplo, pode ser permitido, mas na frente dos outros, jamais.
Em alguns casos, quando o ambiente familiar contribui para a agitação do autista, Rosenberg recomenda a internação, em parte da semana, numa instituição adequada para o tratamento.
"Mas não é que os pais sejam incapazes. Quem pensar isso que vá dormir uma semana com uma criança autista e depois venha me dizer", explica o médico.
Marilene Campelo diz que a compreensão de regras e limites depende do nível intelectual do adolescente especial, mas que não se deve partir nunca para a repressão. "Ela desencadeia um processo de agressividade que é terrível", alerta Marilene.
Suely Viola, que já se dedicava à educação especial bem antes de ter Breno, lembra que é fundamental os pais perceberem as aptidões dos filhos e as estimularem.
"Por desconhecimento, muitos pais deixam seus filhos diante da TV, o que leva à obesidade e a outros problemas de saúde. Não se deve desistir nunca. Eles sempre podem dar a grande virada", incentiva Suely.


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