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Especialistas afirmam que é inútil reprimir
DA SUCURSAL DO RIO
Há 33 anos atendendo a autistas, o psiquiatra Raymond
Rosenberg diz que é inútil reprimir com "não pode" os adolescentes especiais que tocam
em órgãos genitais ou tiram a
roupa em público.
"Existe uma regra de ouro: é
proibido falar uma palavra
proibida, que começa com "n" e
termina com "a" e "o". Se você a
usa para evitar que ele tire a
roupa, o autista vai entender o
verbo, o núcleo da ação, e continuar tirando a roupa. É preciso
trocar por outra ação: "põe a
roupa". Ou "põe a mão no bolso",
se ele está se tocando", orienta
o psiquiatra.
Para Rosenberg, aos 14 ou 15
anos, um autista ainda é um
menino. Quando mexe no pênis ou toca no seio de uma mulher, não expressa desejos sexuais, mas confirma rituais que
pratica desde os 5 anos. O problema é que os rituais se tornam constrangedores.
Firmeza
O médico diz que os pais ou
responsáveis por adolescentes
especiais precisam ter "firmeza, constância e gentileza". "Se
forem bravos, inconstantes e
rudes, vão afastar a criança. E
isto serve para qualquer criança, não só autista", afirma.
Ele diz que é preciso educar
("não gosto de "treinar") para
criar os limites. Masturbar-se
no banheiro, por exemplo, pode ser permitido, mas na frente
dos outros, jamais.
Em alguns casos, quando o
ambiente familiar contribui
para a agitação do autista, Rosenberg recomenda a internação, em parte da semana, numa
instituição adequada para o
tratamento.
"Mas não é que os pais sejam
incapazes. Quem pensar isso
que vá dormir uma semana
com uma criança autista e depois venha me dizer", explica o
médico.
Marilene Campelo diz que a
compreensão de regras e limites depende do nível intelectual do adolescente especial,
mas que não se deve partir nunca para a repressão. "Ela desencadeia um processo de agressividade que é terrível", alerta
Marilene.
Suely Viola, que já se dedicava à educação especial bem antes de ter Breno, lembra que é
fundamental os pais perceberem as aptidões dos filhos e as
estimularem.
"Por desconhecimento, muitos pais deixam seus filhos
diante da TV, o que leva à obesidade e a outros problemas de
saúde. Não se deve desistir
nunca. Eles sempre podem dar
a grande virada", incentiva
Suely.
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