São Paulo, segunda-feira, 23 de junho de 2008

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ANTONIO MENDES DA ROCHA FILHO (1958-2008)

A razão de se viver pelo teatro de Tatuí

WILLIAN VIEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Tem sido assim há mais de 50 anos. Gente de todo o país vai a Tatuí (SP) estudar no Conservatório Dramático e Musical -cujo lado "dramático", que hoje atrai 250 alunos, tanto dependeu da atuação de Antonio Mendes.
Não que ele tivesse deixado Mococa (SP) para ser ator na "capital da música". Foi aprovado no concurso para funcionário público da Cesp. E foi viver em Tatuí, onde logo fez cursos, oficinas e começou a atuar (como o pai da menina judia em "O Diário de Anne Frank"). Fez faculdade e pós-graduação em artes, largou o emprego, e decidiu dedicar-se totalmente ao teatro do conservatório.
"Havia então filas nas entradas do teatro", diz uma funcionária, após lá fundar o Grupo Teatral Novas Tendências. Tanto que o grupo cresceu e mereceu um curso de teatro e outro de formação de atores. E assim Mendes coordenou o setor de teatro por quase 20 anos.
Volta e meia tinha rusgas com os atores, entre os quais sua dedicação nem sempre encontrava eco. Dava aulas de direção e sonoplastia; organizava festivais; atuava em peças polêmicas -sua última apresentação foi em "O Livro de São Cipriano"; e dirigia outras não menos delicadas, como "Mulheres de Nelson", baseada na obra de Nelson Rodrigues. Foi sua última.
Era um homem "solitário, mas feliz na solidão", diz a amiga. Solteiro e sem filhos, "tinha no teatro a razão de viver". Morreu na segunda, de infarto, aos 49 anos.

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