São Paulo, terça-feira, 23 de junho de 2009

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PM sai da USP, mas impasse mantém greve

Reunião entre grevistas e reitores acabou sem acordo após reitores de USP, Unesp e Unicamp reiterarem proposta de reajuste de 6,05%

Após o encontro, que durou aproximadamente três horas, servidores chegaram a defender nova invasão da reitoria da universidade

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Grevistas da USP fazem "tiro ao alvo" com imagem do governador José Serra durante ato que teve ainda barracas de festa junina

TALITA BEDINELLI
FÁBIO TAKAHASHI
DA REPORTAGEM LOCAL

A USP amanheceu ontem sem PMs e sem piquetes de funcionários. O avanço nas negociações, no entanto, parou por aí: a reunião entre reitores de USP, Unesp e Unicamp e representantes de servidores, professores e alunos das três universidades públicas de São Paulo acabou sem acordo.
Os reitores apenas repetiram a proposta já feita de reajuste salarial de 6,05% -para repor a inflação do último ano. Os grevistas cobram aumento de 16% e um valor extra de R$ 200.
A Folha apurou que os reitores consideram inviável aumentar o percentual de reajuste oferecido, uma vez que o comprometimento com a folha de pagamento já é considerado alto. Estariam dispostos apenas a atender reivindicações laterais, como por exemplo reajustes no vale-refeição.
Após a reunião, que durou cerca de três horas, funcionários chegaram a defender, em discurso em um carro de som na USP, uma nova invasão da reitoria (em 2007 o prédio ficou ocupado por 50 dias).
A questão será discutida hoje, em uma assembleia de funcionários. "Ainda não existe nenhuma deliberação sobre isso, mas tem muita gente levantando essa hipótese", afirmou Magno de Carvalho, diretor de base do Sintusp (Sindicato dos Trabalhadores da USP).
Para Otaviano Helene, da Adusp (Associação dos Docentes da USP), a reunião não representou nenhum avanço para as negociações. Hoje, professores e estudantes da USP também realizam assembleias para discutir o movimento.
Por meio de uma nota, a reitoria afirma que manteve a proposta de aumento salarial, demonstrando "novamente o compromisso de recomposição dos salários".
A greve atinge principalmente a FFLCH (Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas), a Faculdade de Educação, a Faculdade de Arquitetura e a ECA (Escola de Comunicações e Artes) e serviços como restaurantes universitários, museus e ônibus circulares. Em Psicologia e Física, há alguns professores parados. Nas demais faculdades, a situação é quase sempre normal.

Reuniões
A reunião de ontem foi a primeira entre o Cruesp (Conselho dos Reitores das Universidades Estaduais Paulistas) e o Fórum das Seis -entidade que representa funcionários, docentes e alunos de USP, Unesp e Unicamp- desde 18 de maio, quando a negociação começou.
Enquanto reitores e grevistas conversavam, do lado de fora da reitoria da USP foi realizado um ato, com cerca de 300 pessoas das três universidades.
Foi organizado um "tiro ao alvo" em que os participantes tinham que acertar uma bola em uma imagem do governador José Serra (PSDB). Após a reunião, o grupo simulou a "deposição" da reitora Suely Vilela.
Como hoje os funcionários da USP terão uma reunião com a reitora para discutir pautas específicas, os piquetes devem continuar suspensos. Funcionários, porém, dizem que é possível que os bloqueios aos prédios sejam retomados amanhã. A reitoria afirma que, caso isso aconteça, a PM pode voltar.
Com a presença da PM no campus, desde 1º de junho, professores e estudantes decidiram aderir, a partir de 5 de junho, à paralisação iniciada pelos funcionários em 5 de maio.
No dia 9, um confronto entre policiais e grevistas deixou dez feridos. A reitoria afirmou que a polícia estava no campus para evitar bloqueios a prédios.


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