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Em 11 anos, planos de saúde superam em 15% a inflação
Conclusão é de estudo que compara índice de reajuste autorizado pela Agência Nacional de Saúde com o IPCA
Para especialistas, aumento mostra que os planos "engolem" fatias cada vez maiores da renda de seus clientes
MÁRCIO PINHO
DE SÃO PAULO
Os planos de saúde aumentaram suas mensalidades em 15,3% acima da inflação nos últimos 11 anos.
A conclusão é de estudo do
Idec (Instituto de Defesa do
Consumidor), que comparou
o índice de reajuste dos planos autorizado anualmente
pela ANS (Agência Nacional
de Saúde Suplementar) com
o IPCA, índice usado pelo governo para medir a inflação.
Para especialistas em direito do consumidor, isso
mostra que os planos "engolem" fatias cada vez maiores
da renda dos clientes e que
tendem a elitizar seu público.
O levantamento do Idec
mostrou que, de 2000 a 2010,
os planos puderam aumentar as mensalidades em
136,6%. Já a inflação acumulada foi de 105,2%.
Nesses onze anos, os planos subiram mais em nove.
A última discrepância a favor das operadoras aconteceu no último dia 11, quando
a ANS anunciou o novo índice máximo de reajuste, de
6,73%. Ele incidirá no mês de
aniversário de cada contrato,
inclusive retroativamente
aos de maio.
A inflação nos 12 meses anteriores, contudo, havia sido
menor, de 5,26%.
"Cada vez mais o consumidor vai perdendo sua capacidade de pagamento, já que,
em muitos casos, seu salário
é reajustado com base na inflação", afirma a advogada
do Idec Daniela Trettel.
A ANS explica que não é
ideal comparar inflação e aumento de custos na saúde.
Segundo Alfredo Cardoso,
diretor de normas da agência, há uma inflação do setor
médico-hospitalar que costuma ser maior que o aumento
autorizado pela ANS.
"Ou seja, o índice que determinamos protege o consumidor", afirma.
O reajuste autorizado
anualmente pela ANS vale
para os planos individuais
-7,4 milhões de pessoas, a
minoria do setor de planos.
Para chegar a ele, a agência usa a média do aumento
aplicado pelas operadoras a
planos coletivos -que são a
maioria -35,4 milhões. No
aumento destes, porém, negociado entre operadoras de
planos e empresas que contratam, a ANS não interfere
O método é criticado pelo
advogado da área da saúde
Julius Conforti, que afirma
que o consumidor fica desprotegido. A ANS diz que estuda possíveis alterações na
fórmula.
A Abramge, associação
que representa parte do setor
de planos de saúde, afirma
que os preços sobem menos
do que a inflação.
Para isso, cita o IGP-M, da
FGV, usado para calcular variação de aluguéis, entre outros. Ele mostra defasagem
de 12% dos planos em relação à inflação desde 2000.
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