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SAÚDE
Unicamp fará no país princípio ativo do medicamento que hoje é importado da China; principal cliente deve ser o governo
País detém técnica de remédio para malária
MÁRIO TONOCCHI
FREE-LANCE PARA A FOLHA CAMPINAS
O Centro Pluridisciplinar de
Pesquisas Químicas, Biológicas e
Agrícolas da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas) concluiu a pesquisa para a produção
de um dos remédios mais eficazes
do mundo para o tratamento de
formas brandas da malária, feito a
partir da planta Artemísia annua.
A pesquisa envolveu 20 pessoas
da universidade. A planta, de origem chinesa, é utilizada há pelo
menos 15 séculos no combate à
doença causada pela picada do
mosquito Anopheles.
Atualmente, o medicamento
utilizado contra a doença no Brasil vem da China e é feito com a
mesma planta. O produto desenvolvido pela Unicamp deve ser
usado para as formas mais simples da doença.
"A Artemísia annua é rica em
princípios ativos que podem levar
à descobertas contra o câncer, úlcera e determinados fungos e bactérias. Essa é uma segunda etapa
que já estamos iniciando", disse a
pesquisadora Vera Rehder.
No Brasil, o centro é o único que
concentra grande número de trabalhos sobre a Artemísia annua,
segundo a também pesquisadora
da Unicamp Mary Ann Foglio.
"Estamos esperando, agora, que a
universidade consiga uma parceria com empresas do setor para a
produção do medicamento."
O principal cliente dos resultados da pesquisa deve ser o governo brasileiro. Encontrar empresas
interessadas, segundo a pesquisadora, esbarra na dificuldade do
Brasil em estimular a produção de
medicamentos pelas grandes empresas estrangeiras para pacientes
sem poder de compra.
A Unicamp recebeu a planta em
1988. De acordo com Rehder, o
trabalho de pesquisa foi voltado
para a adaptação climática, produção e atividades farmacológicas da planta, extraindo dela os
teores do princípio ativo artemisinina, semelhantes aos chineses. O
produto brasileiro permite aplicação na forma endovenosa e intramuscular. O chinês, é aplicado em
supositórios.
A malária é uma doença infecciosa causada por um protozoário
do gênero Plasmodium, que aniquila os glóbulos vermelhos do
sangue, tornando as pessoas anêmicas. No Brasil, principalmente
na região amazônica, a malária
registra por volta de 500 mil casos
em cada ano. Estima-se em 10 mil
o número de mortes anuais.
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