São Paulo, sexta-feira, 23 de julho de 2004

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BARBARA GANCIA

Iaras, volpis e portinaris terão sobrevivido ao furacão?

Alô, Chico Buarque! Alô, Beth Carvalho! Alô, Oscar Niemeyer! Ainda se fosse para assinar um manifesto defendendo o Chaves do México, aquele que mora em um barril, usa boné e é vizinho da dona Florinda, eu entenderia.
Mas onde está o bom senso em subscrever um abaixo-assinado para defender o populista e farrombeiro Hugo Chávez, que tenta transformar realismo mágico em realidade?
Está certo que as classes privilegiadas da Venezuela são o que há de mais abjeto em matéria de elite, mas será que Chávez, espécie de Muammar Gaddafi da boca para fora, que ganhou a eleição em 1998 contra uma ex-miss Universo e cujo governo centralizador, até agora, só serviu para aumentar a corrupção é mesmo o exemplo de líder que se deseja na América Latina?
Já que artistas e intelectuais tapuias resolveram abraçar a causa do político que se apropriou do discurso de Simon Bolívar, que ao menos tenham em mente as palavras do Bolívar original: "Fazer a revolução na América é como arar o mar".
 
Se nenhum pai consegue ter paz com os filhos em casa durante as férias escolares, que dirá conviver com 16 amigos do filho durante metade das férias? O que eu gostaria de saber é o que Lula quis dizer quando mencionou, em entrevista, a presença dos amigos do filho Luiz Cláudio, 18, no Alvorada: "Estava na minha casa, nestes dias, com 16 adolescentes, todos amigos do meu filho. Não é apenas com crianças pobres, não. A gente percebe que, mesmo em setores médios, há perda de valores". O que será que os guris aprontaram na "casa" de Lula? Terão pisoteado o canteiro em forma de estrela ou perseguido os patos de dona Marisa?
 
Dom Geraldo Majella Agnelo, presidente da CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e o procurador-geral da República, Claudio Fonteles, devem estar orgulhosos da atuação que tiveram ao tentar impedir a liminar do STF que autoriza a interrupção da gravidez quando constatada a anencefalia do feto. O fundamentalismo religioso demonstrado por ambos consegue superar em tacanhice até mesmo a conservadora interpretação da lei islâmica do governo do Irã.
Nesta semana, o mesmo parlamento iraniano que obriga mulheres a cobrir o rosto com um véu aprovou uma lei que permite a realização de abortos nos primeiros quatro meses de gestação em casos de risco de morte para a mãe ou de má-formação do feto.

QUALQUER NOTA

Batata
O estudo da Anistia Internacional, "Sex, Love and Homophobia", que afirma que o ativismo homossexual do "orgulho gay" acaba alimentando a homofobia apenas confirma o que esta coluna diz há anos sobre a política de provocação das paradas gays. Não estaria na hora de abandonar a cartilha de Malcolm X e adotar a de Martin Luther King?

Lei do abate
A ordem de que avião com criança a bordo não pode ser abatido só irá servir para transformar um sem-número de petizes em escudos humanos. Ou será que o tráfico já não os usa em terra firme há muito tempo?

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