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BARBARA GANCIA
Iaras, volpis e portinaris terão sobrevivido ao furacão?
Alô, Chico Buarque! Alô,
Beth Carvalho! Alô, Oscar
Niemeyer! Ainda se fosse para assinar um manifesto defendendo o
Chaves do México, aquele que
mora em um barril, usa boné e é
vizinho da dona Florinda, eu entenderia.
Mas onde está o bom senso em
subscrever um abaixo-assinado
para defender o populista e farrombeiro Hugo Chávez, que tenta
transformar realismo mágico em
realidade?
Está certo que as classes privilegiadas da Venezuela são o que há
de mais abjeto em matéria de elite, mas será que Chávez, espécie
de Muammar Gaddafi da boca
para fora, que ganhou a eleição
em 1998 contra uma ex-miss Universo e cujo governo centralizador, até agora, só serviu para aumentar a corrupção é mesmo o
exemplo de líder que se deseja na
América Latina?
Já que artistas e intelectuais tapuias resolveram abraçar a causa
do político que se apropriou do
discurso de Simon Bolívar, que ao
menos tenham em mente as palavras do Bolívar original: "Fazer a
revolução na América é como
arar o mar".
Se nenhum pai consegue ter paz
com os filhos em casa durante as
férias escolares, que dirá conviver
com 16 amigos do filho durante
metade das férias? O que eu gostaria de saber é o que Lula quis
dizer quando mencionou, em entrevista, a presença dos amigos do
filho Luiz Cláudio, 18, no Alvorada: "Estava na minha casa, nestes
dias, com 16 adolescentes, todos
amigos do meu filho. Não é apenas com crianças pobres, não. A
gente percebe que, mesmo em setores médios, há perda de valores". O que será que os guris
aprontaram na "casa" de Lula?
Terão pisoteado o canteiro em
forma de estrela ou perseguido os
patos de dona Marisa?
Dom Geraldo Majella Agnelo,
presidente da CNBB (Conferência
Nacional dos Bispos do Brasil) e o
procurador-geral da República,
Claudio Fonteles, devem estar orgulhosos da atuação que tiveram
ao tentar impedir a liminar do
STF que autoriza a interrupção
da gravidez quando constatada a
anencefalia do feto. O fundamentalismo religioso demonstrado
por ambos consegue superar em
tacanhice até mesmo a conservadora interpretação da lei islâmica
do governo do Irã.
Nesta semana, o mesmo parlamento iraniano que obriga mulheres a cobrir o rosto com um véu
aprovou uma lei que permite a
realização de abortos nos primeiros quatro meses de gestação em
casos de risco de morte para a
mãe ou de má-formação do feto.
QUALQUER NOTA
Batata
O estudo da Anistia Internacional, "Sex, Love and Homophobia", que afirma que o ativismo
homossexual do "orgulho gay"
acaba alimentando a homofobia apenas confirma o que esta
coluna diz há anos sobre a política de provocação das paradas
gays. Não estaria na hora de
abandonar a cartilha de Malcolm X e adotar a de Martin Luther King?
Lei do abate
A ordem de que avião com
criança a bordo não pode ser
abatido só irá servir para transformar um sem-número de petizes em escudos humanos. Ou
será que o tráfico já não os usa
em terra firme há muito tempo?
E-mail - barbara@uol.com.br
www.uol.com.br/barbaragancia
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