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Escadaria turística no Bixiga é recuperada
Trabalho deu à obra o mesmo aspecto de quando foi construída, por volta de 1930
Reforma foi custeada por engenheiro que demoliu casa no bairro de modo irregular -passava por processo de tombamento
RICARDO GALLO
DA REPORTAGEM LOCAL
Quatro anos após a primeira
intervenção, a escadaria do
Morro dos Ingleses, um dos
pontos turísticos do Bixiga,
centro de São Paulo, acaba de
ser restaurada. O trabalho, concluído na semana passada, deu
à obra o mesmo aspecto de
quando foi construída, por volta de 1930 -a data é imprecisa,
segundo a própria prefeitura.
A restauração foi paga por
um engenheiro, que em 1999,
demoliu uma casa no bairro de
modo irregular, porque o imóvel estava em processo de tombamento no Conpresp (conselho municipal responsável pelo
patrimônio histórico).
O custo, entre R$ 60 mil e R$
100 mil, foi estipulado pelo Ministério Público Estadual, que
moveu ação civil pública contra
o engenheiro e estabeleceu, como condição para o arquivamento, que ele restaurasse a escadaria. Um TAC (Termo de
Ajustamento de Conduta) oficializou o acordo, firmado entre engenheiro, Promotoria e
DPH (Departamento de Patrimônio Histórico) da prefeitura.
A Folha procurou Mauro Gamil, responsável pela recuperação da escadaria, que não soube
especificar o valor gasto no empreendimento.
Recuperação
No ano passado, o empresário havia executado a obra, mas,
segundo o DPH, o resultado
não foi satisfatório -e ele teve
de refazê-la. No período, tapumes cercaram a passagem; ela
era aberta somente de dia.
Não foi a primeira reforma
na escadaria, que liga a rua dos
Ingleses à Treze de Maio. Em
2002, a prefeitura havia recuperado o revestimento das calçadas, em mosaico português.
A escadaria tem 84 degraus e
16 metros de altura. Apareceu
pela primeira vez nos registros
públicos em 1930, elencada como realização do então prefeito
Pires do Rio, administrador da
cidade entre 1926 e 1930.
Segundo a arquiteta Lia Mayumi, do DPH, a escadaria foi
uma obra de "embelezamento"
que uniu áreas de perfil populacional diverso. "O morrinho dividia a parte alta, cheia de palacetes, à parte baixa, com casas
populares." Do topo da escadaria, na rua dos Ingleses, era possível ver o centro de São Paulo,
pouco urbanizado à época.
Saudade
Ao olhar os degraus da escada, o bancário Reynaldo César
D'Agostini, 60, tem saudades
do passado. Na década de 50,
ele costumava escorregar pela
grama disposta ao lado da escada. Também se lembra de
quando Mazzaropi gravou filmes no local, ou, quando, volta
e meia, algum diretor de novela
usa a escadaria como cenário.
Hoje, D'Agostini, integrante
do Conseg (conselho de segurança comunitário) da Bela
Vista, diz que a escadaria, que
ainda não foi reinaugurada, virou ponto de encontro de usuários de maconha e mictório.
Na avaliação da arquiteta Lia
Mayumi, moradores e comerciantes do Bixiga deveriam
criar um grupo para não permitir a degradação da escadaria.
Uma das sugestões é a contratação de um vigia.
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