São Paulo, quarta-feira, 23 de julho de 2008

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Acusado de cobrar propina de camelôs, ex-chefe de fiscais é solto

O irmão dele, ex-assessor político do subprefeito da Mooca, continua preso

KLEBER TOMAZ
DA REPORTAGEM LOCAL

A Justiça de São Paulo concedeu ontem à noite liberdade provisória a Felipe Eivazian, ex-chefe dos fiscais da Subprefeitura da Mooca, preso preventivamente desde o último dia 11 de julho. Ele é acusado de integrar uma quadrilha que usava a infra-estrutura do órgão para cobrar propina de camelôs irregulares da zona leste.
A decisão foi do desembargador Roberto Mortari, que concedeu o habeas corpus a Felipe por extensão da medida liminar dada na quinta-feira passada ao advogado Leandro Giannasi Severino Ferreira, preso sob a mesma acusação.
Em seu despacho, Mortari afirma que tanto o ex-chefe dos fiscais quanto o advogado preenchem os requisitos para responderem ao processo em liberdade: têm residência fixa, bons antecedentes e ocupação lícita. Segundo sua advogada, Michelle Fernanda Scarpato Casassa, Felipe é sócio do pai em uma loja de sapatos.
Além disso, o desembargador afirma em seu despacho que a investigação realizada pela Polícia Civil não mencionou qual foi a participação de Felipe no esquema criminoso.
"Ele é inocente e será solto amanhã [hoje]. As acusações contra ele não procedem", disse a advogada, que, no entanto, não conseguiu a liberdade do irmão de Felipe, Georges Marcelo Eivazian, apontado pela polícia e pelo Ministério Público Estadual como o cabeça do esquema que extorquiu R$ 15,9 milhões, durante mais de um ano, de 7.500 camelôs.
Georges trabalhava como assessor político do subprefeito da Mooca, Eduardo Odloak. Ele e o irmão Felipe já foram exonerados do cargo por Odloak.
O desembargador negou o pedido de liberdade provisória a Georges por entender que as gravações feitas pela polícia, a partir de escutas telefônicas autorizadas pela Justiça, sugerem que ele teria uma participação no grupo criminoso como "um dos líderes do bando."
"Essas gravações podem ter sido editadas. Já pedi uma perícia no material", disse a advogada dos irmãos, que pretende entrar hoje com um novo habeas corpus para Georges.
Ontem, o promotor José Carneiro, do Gaeco (Grupo de Atuação Especial de Repressão ao Crime Organizado), denunciou à Justiça 13 pessoas -cinco funcionários da subprefeitura da Mooca e sete camelôs-, acusados de concussão (extorsão praticada por funcionário público) e formação de quadrilha. Se a Justiça aceitar a denúncia, eles serão réus.
Além de Felipe e Leandro, estão soltos quatro ambulantes. Dois outros camelôs continuam foragidos. Georges, três agentes fiscais e um ambulante permanecerão presos.
A Promotoria investiga se os acusados também extorquiram vendedores legalizados sob a ameaça de cassar suas licenças.


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