São Paulo, quarta-feira, 23 de agosto de 2000


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POLÍCIA
Engenheiro foi ejetado após explosão no Fokker-100
Acusado de colocar bomba em avião da TAM dá depoimento confuso

DA REPORTAGEM LOCAL

O professor Leonardo Teodoro de Castro, 61, acusado de explodir uma bomba dentro de um avião da TAM, em julho de 97, prestou depoimento confuso ontem à Justiça de São Paulo. A defesa dele tem usado essa deficiência de raciocínio para dizer que ele é inimputável -não poderia ser processado por problemas mentais.
Castro chegou a dizer durante o interrogatório que se recordava do barulho dentro da aeronave, mas que não se lembrava da explosão no avião. Na saída do fórum, disse à Folha que não sabia se havia viajado naquele dia.
O professor foi apontado pela Polícia Federal como o fabricante da bomba que abriu um buraco na fuselagem do Fokker-100 da TAM em pleno vôo, causando a morte do engenheiro Fernando Caldeira de Moura. O corpo dele foi ejetado de uma altitude de 2.400 metros, quando o avião sobrevoava Suzano (Grande São Paulo), no feriado de 9 de julho.
Baseado nas provas recolhidas durante a investigação, o Ministério Público Federal denunciou Castro por 1 homicídio e 58 tentativas de assassinato -número de passageiros que estavam dentro do Fokker-100 da TAM. Se condenado, a pena somaria 200 anos.
A audiência de ontem foi a primeira da fase que definirá se ele vai ou não a júri popular. O processo estava parado em razão da disputa entre o advogado do professor, Tales Castelo Branco, e o Ministério Público Federal sobre o estado de saúde mental dele.
Três dias após o atentado, um após a polícia revistar o apartamento de Castro, ele foi atropelado por um ônibus na avenida Santo Amaro, na capital. A partir daí, começa a polêmica sobre as sequelas do acidente.
Ontem, a juíza Raecler Baldressa, da 1ª Vara Criminal Federal, suspendeu o depoimento, por meia hora, a pedido de Castelo Branco, para que um gravador fosse arrumado para registrar as falas desconexas dele. ""É uma prova evidente do estado mental dele", diz o advogado. Para Castelo Branco, ele é inocente.
Laudo aceito pela Justiça Federal em definitivo, em março do ano passado, afirma o contrário. ""O Ministério Público está convencido da responsabilidade dele", diz o procurador da República José Ricardo Meirelles. Para ele, o depoimento não acrescentou nada de novo ao caso.
Na casa do professor, a polícia diz ter encontrado substâncias usadas na confecção da bomba.



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