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INFÂNCIA
Proposta do governador Anthony Garotinho prevê R$ 500 por mês ao funcionário do Estado que fizer uma adoção
RJ pode pagar a servidor que adotar criança
PEDRO DANTAS
DA SUCURSAL DO RIO
O governador do Rio, Anthony
Garotinho, anunciou que pretende pagar R$ 500 por mês a servidores do Estado que adotarem
uma criança. Segundo o governador, o projeto reduziria as despesas do governo com orfanatos e
abrigos, que recebem recursos repassados pela FIA (Fundação da
Infância e da Adolescência).
A assessoria da FIA não informou a verba destinada aos orfanatos, mas a Folha apurou que o
custo por criança atendida não ultrapassa R$ 200 mensais.
Garotinho disse que escolheu a
categoria dos servidores públicos
porque o Estado, com auxílio dos
dados administrativos, poderá
fiscalizar o uso dos recursos na
criação dos adotados.
A secretária de Ação Social e
primeira-dama do Estado, Rosinha Matheus, que ficaria responsável pelo programa, confirmou
que o projeto e os valores estão
sendo estudados, mas não quis
adiantar detalhes. Segundo Rosinha, "a legalidade do processo"
ainda está sendo analisada.
O governador Garotinho e Rosinha Matheus têm nove filhos, dos
quais cinco são adotivos.
Para o juiz da 2ª Vara da Infância e da Juventude do Rio, Guaraci
Vianna, o projeto é legal. Ele cita o
parágrafo 5º do artigo 227 da
Constituição Federal, que determina que o poder público incentive a família e a assista.
O juiz lembrou que a adoção é
"um ato irrevogável", precedido
pela análise técnica do juiz, mas
ressaltou que o programa precisa
ser criterioso com os beneficiados
com a ajuda de custo.
"Será necessário avaliar se o servidor está interessado na adoção
ou na ajuda de custo, pois é preciso evitar que a criança se sinta novamente rejeitada pela sociedade", afirmou Vianna.
Apesar de reconhecer suas boas
intenções, o desembargador Alyrio Silva Cavallieri considera o
projeto "um erro". "Oferecer dinheiro falsearia o princípio da
adoção. Considero o estímulo à
adoção um erro maior que o incentivo à guarda", afirmou o desembargador, que foi juiz de menores durante 11 anos.
Na adoção, a criança se torna filha legítima; na guarda, os responsáveis ficam encarregados
apenas de fornecer assistência social ao adotado.
"Em 1949, São Paulo tentou algo
semelhante, estimulando a guarda com subsídio pago pelo Juizado de Menores. Criou-se uma indústria da guarda e altos índices
de crianças de rua. Naquela época, nasceu a expressão "trombadinha'", disse Cavallieri.
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