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Pastores são acusados de manter escravos em fazendas em Minas
Fundadores de igreja reuniram 800 pessoas para morar e trabalhar em "refúgios espirituais"
DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"
Pastores evangélicos acusados de aliciar fiéis de São Paulo
para o trabalho escravo em fazendas no sul de Minas Gerais
podem ter a prisão preventiva
pedida nas próximas semanas.
Eles negam as acusações e se
dizem vítimas de perseguição.
Cícero Vicente Araújo e Edmilson Pereira da Silva, pastores do Tatuapé (zona leste) que
fundaram em 1998 a igreja Jesus, a Verdade Que Marca, teriam movimentado R$ 10 milhões em bens adquiridos com
doações não declaradas de fiéis
paulistas. Eles compraram
imóveis, terras, estabelecimentos comerciais, carros e rádios
clandestinas em Minduri, Andrelândia, Caxambu, Cruzília e
São Vicente de Minas. Eles foram indiciados por estelionato
e ocultação de bens. O promotor de Caxambu (MG), Bergson
Cardoso Guimarães, disse ontem que vai dar início à ação penal contra eles, denunciados à
Justiça em abril pelas polícias
Civil e Federal e a Promotoria.
Eles arrebanharam ao menos
800 seguidores convencidos a
trabalhar de graça em "refúgios
espirituais no campo".
A reportagem foi ao sul de
Minas após receber, no final de
julho, as primeiras denúncias
de ex-fiéis que abandonaram
fazendas do grupo e se dizem
enganados pelos pastores.
Eles contam ter vendido o
que tinham para adquirir, com
os pastores, terras e comércios
registrados em nomes de pessoas sem ligação com a igreja.
Também dizem que trabalhavam sem registro em carteira e
recebiam só roupas e comida.
Outro lado
Por quatro dias, o pastor Estevão Ribeiro disse que o pastor
Cícero Vicente Araújo comentaria as denúncias e afirmou
que a reportagem poderia visitar as fazendas. "Não temos o
que esconder." No entanto,
Araújo se recusou a conceder
uma entrevista e a reportagem
não pôde visitar as fazendas.
Ribeiro, por sua vez, disse
que não há trabalho escravo e
que a comida servida aos fiéis é
boa. No site da comunidade
www.cejvm.com.br, Araújo
deixou uma mensagem, no final de 2005, quando começaram as investigações: "Colocamos-nos à disposição dos órgãos governamentais do nosso
país e do Poder Judiciário para
qualquer esclarecimento".
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