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Ilhabela vai ter vista para paredão de navios
Governo quer ampliar capacidade do porto de São Sebastião para receber cerca de 1,5 milhão de contêineres por ano
O terminal de petróleo da
Petrobras também deve
aumentar sua capacidade
para atrair superpetroleiros;
moradores protestam
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
FÁBIO AMATO
DA AGÊNCIA FOLHA
Ilhabela vai ganhar nos próximos anos a vista para um paredão formado por navios gigantescos e pilhas de contêineres, caso sejam implantados
dois projetos de ampliação do
porto de São Sebastião (litoral
norte de São Paulo). As obras
de ao menos um deles, conforme planeja o governo do Estado, vão começar já em 2010.
A ameaça do fim da paisagem
do mar calmo e da serra do Mar,
que atraiu hotéis e casas de luxo
para a face oeste e impulsionou
o turismo em Ilhabela, colocou
a cidade em polvorosa.
ONGs, entidades e políticos
de Ilhabela se mobilizaram para tentar ao menos reduzir os
impactos na cidade, com adesivos e abaixo-assinados.
"Ilhabela e São Sebastião lutam há muito tempo contra a
verticalização. Agora, em vez de
casas, vamos ter empilhamento
de contêineres em alturas equivalentes a prédios de oito ou
nove andares", diz Georges
Grego, presidente do Instituto
Ilhabela Sustentável.
As operações portuárias, que
hoje ocupam uma pequena parte do canal, podem triplicar,
formando uma enorme barreira em frente a Ilhabela.
Haverá impacto com o lançamentos de efluentes, vazamento de óleo, risco de pequenos
acidentes e aumento da população. Moradores temem que as
mudanças afastem turistas e
restrinjam a passagem de barcos de passeio justamente na
capital nacional da vela, como
Ilhabela é conhecida.
O aumento da capacidade do
porto, que passará a operar
contêineres, e do terminal de
petróleo da Petrobras vai atrair
grandes navios, além de barcos
menores a São Sebastião.
O projeto mais avançado, do
governo de São Paulo, quer ampliar em 30 vezes a capacidade
do porto, alcançando 1,5 milhão
de contêineres por ano. Uma
área de 40 campos de futebol
foi reservada para pilhas de até
cinco contêineres de altura.
O plano prevê ainda receber
o chamado "gigante dos mares"
-navio com quase 400 metros
e altura de dez andares. O número de navios ancorados passará de quatro para 18 por vez.
Esses gigantes terão a companhia dos superpetroleiros. A
Petrobras opera no porto, basicamente, com navios entre 50
mil e 170 mil toneladas, mas em
2008 ao menos um navio de
400 mil toneladas atracou lá.
O presidente da Companhia
Docas de São Sebastião, Frederico Bussinger, vê uma "falsa
questão" tanto no terminal de
contêineres quanto no aumento de navios parados no canal, à
espera de embarque e desembarque de produtos.
"É risível falar em pilha de
contêiner. Fizemos uma simulação eletrônica e mal se consegue ver o terminal. E navio parado dá prejuízo", diz.
Procurada desde quinta, a
Petrobras não se manifestou.
Colaborou MOACYR LOPES JUNIOR, repórter-fotográfico
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