São Paulo, terça-feira, 23 de agosto de 2011

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FOCO

Igreja de Niemeyer no Rio é "renegada" em livro que reúne obras do arquiteto

FERNANDO MAGALHÃES
COLABORAÇÃO PARA A FOLHA, DO RIO

Projetada por Oscar Niemeyer e inaugurada pelo ex-presidente Juscelino Kubitschek em 1960, a igreja São Daniel Profeta, em Manguinhos (zona norte do Rio), ficou de fora do livro que reúne os projetos de templos de autoria do arquiteto. "As Igrejas de Oscar Niemeyer" será lançado hoje no Rio.
A obra destaca, por exemplo, a catedral de Brasília, a capela em Potsdam, na Alemanha, e a mesquita de Argel, na Argélia.
Já a capela que é o "patinho feio" das igrejas não é sequer citada. A decisão de não incluí-la no livro foi do próprio Niemeyer, 103. "Não quis incluir. O projeto foi muito modificado", lamenta.
Hoje cercada por favelas, a igreja foi construída quando a área de Manguinhos ainda era pouco habitada. De forma circular, com 15 m de diâmetro e 3 m de altura, o templo é todo de concreto armado e lembra uma hóstia.
Tombada pelo antigo Estado da Guanabara em 1966, a capela tinha 14 quadros do pintor Alberto da Veiga Guignard (1896-1962), além de uma réplica da escultura do profeta Daniel esculpida por Aleijadinho.
Apesar de ser um bem tombado, o templo foi alterado pelos fiéis nos últimos anos. O piso da igreja e o altar foram trocados por conta própria. Já os vidros que preenchiam os vãos da capela em forma de cilindro foram substituídos por tijolo, devido aos constantes tiroteios nas incursões da Polícia.
"Não tinha condições de ficar trocando os vidros e havia o medo de alguém ser atingido por bala perdida", explica Luiz Antonio Mello, da pastoral do batismo.
Os religiosos colocaram ainda uma grade em volta do templo. Recentemente, a igreja foi pintada.
O dinheiro para as obras é arrecadado com festas e eventos promovidos pelos fiéis. Segundo os devotos, tudo é feito sem ajuda do órgão responsável, o Instituto Estadual do Patrimônio Artístico e Cultural (Inepac).
"Daquele tempo ficou apenas a estrutura, e graças ao nosso esforço para manter", afirma Elenice Pessoa, membro do conselho pastoral.
Em 1968, o templo já apresentava problemas de conservação. Devido à umidade e aos cupins, foram retiradas as telas de Guinard.
Em dezembro de 2010, os moradores e o Inepac se reuniram para discutir um projeto de conservação da igreja. Até agora, nada foi feito.


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