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RIO
Ausência do medicamento Interferon, para tratamento de hepatite C, causa tumulto em farmácia de hospital universitário
Paciente faz ameaça por falta de remédio
CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO
O Hospital Gafrée e Guinle, na
Tijuca (zona norte do Rio), vai reforçar sua segurança. Um paciente ameaçou funcionários anteontem porque faltava medicamento.
Irritado com a ausência do remédio Interferon, para tratamento de hepatite C, um homem, afirmando estar armado, causou tumulto na farmácia do hospital.
"Foi o desespero. Ele se recusava a levar metade do tratamento.
Queria os 12 frascos a que tem direito por mês e só podíamos dar
cinco. Ofendeu os funcionários
verbalmente, disse que tinha uma
arma e havia sido preso duas vezes", contou Andréia Tofani, chefe da farmácia do hospital universitário, que pertence à UniRio
(Universidade do Rio de Janeiro).
Pietro Novellino, reitor da UniRio, disse que a segurança do hospital será reforçada "sem dúvida".
A chefe da farmácia não quis revelar o nome do paciente por "questão de segurança pessoal".
O Interferon é fornecido ao hospital pela Secretaria de Saúde do
Estado, que alega problemas na licitação. "Abrimos o processo no
último dia 5, mas as cinco empresas concorrentes foram desabilitadas por não atenderem às exigências do Ministério da Saúde",
afirmou Antônio Carlos Morais,
coordenador de assistência farmacêutica da secretaria.
Entre as exigências está o teste
de "contaminantes biológicos",
que verifica a qualidade de albumina humana, componente do
remédio. A albumina é extraída
pela doação de sangue e o teste é
fundamental para saber se não há
contaminação pelo vírus da Aids.
A secretaria fez um pedido de
compra emergencial de 15 mil
frascos e espera normalizar o fornecimento na terça-feira. A nova
remessa deve atender a 420 pacientes durante três meses.
Morais diz que não há risco de
os medicamentos não passarem
pelo controle de qualidade. "Esse
problema com a documentação é
coisa de pessoas desavisadas. As
empresas vão apresentar a documentação correta."
O coordenador também atribui
a falta de Interferon ao "crescimento assustador" de casos de
hepatite C, transmitida sobretudo
por relação sexual. "Os casos dobraram do ano passado para cá."
A secretaria comprará cada
frasco do medicamento por até
R$ 18 e os distribuirá gratuitamente. No mercado, um frasco,
com um terço da potência do adquirido pela secretaria, chega a
custar R$ 200. São necessárias três
unidades por semana para o tratamento, que varia de seis meses a
um ano de duração.
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