São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2000

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RIO
Ausência do medicamento Interferon, para tratamento de hepatite C, causa tumulto em farmácia de hospital universitário
Paciente faz ameaça por falta de remédio

CRISTIAN KLEIN
DA SUCURSAL DO RIO

O Hospital Gafrée e Guinle, na Tijuca (zona norte do Rio), vai reforçar sua segurança. Um paciente ameaçou funcionários anteontem porque faltava medicamento.
Irritado com a ausência do remédio Interferon, para tratamento de hepatite C, um homem, afirmando estar armado, causou tumulto na farmácia do hospital.
"Foi o desespero. Ele se recusava a levar metade do tratamento. Queria os 12 frascos a que tem direito por mês e só podíamos dar cinco. Ofendeu os funcionários verbalmente, disse que tinha uma arma e havia sido preso duas vezes", contou Andréia Tofani, chefe da farmácia do hospital universitário, que pertence à UniRio (Universidade do Rio de Janeiro).
Pietro Novellino, reitor da UniRio, disse que a segurança do hospital será reforçada "sem dúvida". A chefe da farmácia não quis revelar o nome do paciente por "questão de segurança pessoal".
O Interferon é fornecido ao hospital pela Secretaria de Saúde do Estado, que alega problemas na licitação. "Abrimos o processo no último dia 5, mas as cinco empresas concorrentes foram desabilitadas por não atenderem às exigências do Ministério da Saúde", afirmou Antônio Carlos Morais, coordenador de assistência farmacêutica da secretaria.
Entre as exigências está o teste de "contaminantes biológicos", que verifica a qualidade de albumina humana, componente do remédio. A albumina é extraída pela doação de sangue e o teste é fundamental para saber se não há contaminação pelo vírus da Aids.
A secretaria fez um pedido de compra emergencial de 15 mil frascos e espera normalizar o fornecimento na terça-feira. A nova remessa deve atender a 420 pacientes durante três meses.
Morais diz que não há risco de os medicamentos não passarem pelo controle de qualidade. "Esse problema com a documentação é coisa de pessoas desavisadas. As empresas vão apresentar a documentação correta."
O coordenador também atribui a falta de Interferon ao "crescimento assustador" de casos de hepatite C, transmitida sobretudo por relação sexual. "Os casos dobraram do ano passado para cá."
A secretaria comprará cada frasco do medicamento por até R$ 18 e os distribuirá gratuitamente. No mercado, um frasco, com um terço da potência do adquirido pela secretaria, chega a custar R$ 200. São necessárias três unidades por semana para o tratamento, que varia de seis meses a um ano de duração.


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