São Paulo, domingo, 23 de setembro de 2001

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Família contou com ajuda de italianos

DA REPORTAGEM LOCAL

Antônio Pereira da Silva, 31, se considera um homem de sorte. Muita sorte. Ele e a família chegaram há seis meses de Pentecostes, no Ceará, para tentar obter tratamento médico para o filho Antônio Alan, 2, que ficou cego após ter sido internado para tratar de uma infecção intestinal.
Ele veio com a mulher e três filhos para São Paulo. No Ceará, deixou mais quatro, além do emprego de padeiro.
Há dois meses, numa das visitas da irmã Cecília Zanet, da Pastoral da Criança, aos morros da Brasilândia, ela viu, através da janela do barraco, os filhos de Silva sozinhos em casa.
"Nunca ficamos totalmente sem comida porque os vizinhos sempre deram alguma coisa", afirmou Silva. No dia em que a irmã viu as crianças sozinhas, a mãe delas estava fazendo uma busca por alimento.
A freira afirmou que "ficou chocada" quando encontrou a mulher de Silva. "Eles não tinham comida e ainda precisavam de se deslocar até a Vila Mariana, na zona sul, para levar a criança ao médico", disse Cecília.
Cerca de uma semana depois, irmã Cecília levou ao morro da Brasilândia um casal de italianos que estava em lua-de-mel.
Ao conhecer a família de Silva, os dois doaram US$ 1.000 à freira para ajudá-los.
No dia 8 passado, Silva inaugurou uma pequena padaria no "melhor pedaço do morro" e contratou um ajudante, outro chefe de família que também estava desempregado. "Eles [a família" ainda tinham sonhos. A maioria das famílias já está muito apática", diz Cecília. (GA)



Texto Anterior: Miséria: Doações de vizinhos garantem refeições
Próximo Texto: "Só pobre ajuda pobre", diz mãe de 4 filhos
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.