|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
Família contou com ajuda de italianos
DA REPORTAGEM LOCAL
Antônio Pereira da Silva, 31, se
considera um homem de sorte.
Muita sorte. Ele e a família chegaram há seis meses de Pentecostes,
no Ceará, para tentar obter tratamento médico para o filho Antônio Alan, 2, que ficou cego após
ter sido internado para tratar de
uma infecção intestinal.
Ele veio com a mulher e três filhos para São Paulo. No Ceará,
deixou mais quatro, além do emprego de padeiro.
Há dois meses, numa das visitas
da irmã Cecília Zanet, da Pastoral
da Criança, aos morros da Brasilândia, ela viu, através da janela
do barraco, os filhos de Silva sozinhos em casa.
"Nunca ficamos totalmente sem
comida porque os vizinhos sempre deram alguma coisa", afirmou Silva. No dia em que a irmã
viu as crianças sozinhas, a mãe
delas estava fazendo uma busca
por alimento.
A freira afirmou que "ficou chocada" quando encontrou a mulher de Silva. "Eles não tinham comida e ainda precisavam de se
deslocar até a Vila Mariana, na zona sul, para levar a criança ao médico", disse Cecília.
Cerca de uma semana depois,
irmã Cecília levou ao morro da
Brasilândia um casal de italianos
que estava em lua-de-mel.
Ao conhecer a família de Silva,
os dois doaram US$ 1.000 à freira
para ajudá-los.
No dia 8 passado, Silva inaugurou uma pequena padaria no
"melhor pedaço do morro" e contratou um ajudante, outro chefe
de família que também estava desempregado. "Eles [a família" ainda tinham sonhos. A maioria das
famílias já está muito apática", diz
Cecília.
(GA)
Texto Anterior: Miséria: Doações de vizinhos garantem refeições Próximo Texto: "Só pobre ajuda pobre", diz mãe de 4 filhos Índice
|