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MISÉRIA
Objetivo é quebrar o ciclo de pobreza, e não apenas resolver a fome imediata; galpão na Vila Maria vai arrecadar alimentos
Programas querem unir doação e cidadania
DA REPORTAGEM LOCAL
O objetivo dos programas públicos de combate à fome existentes na cidade de São Paulo é associar a doação de alimentos a ações
de cidadania, com ênfase em geração de renda.
Isso tudo para tentar escapar
das chamadas "políticas compensatórias", que são aquelas que ajudam a resolver um problema imediato, como a fome, mas, por outro lado, não são capazes de romper o ciclo de pobreza.
Especialistas em pobreza dizem
que essas iniciativas ainda são
pouco representativas frente à necessidade de o país adotar políticas públicas voltadas para a erradicação da pobreza.
O maior programa de distribuição de alimentos da cidade, o Alimenta São Paulo, do governo do
Estado, que atende a 54 mil famílias (cujos chefes estão desempregados), exige matrícula escolar e
carteira de vacinação.
Participação
A distribuição de cestas básicas
do governo é feita por meio das
associações de bairro, com o objetivo de estimular as famílias a participar de entidades organizadas,
explica Moacir Rossetti, o coordenador dos programas estaduais
de abastecimento.
"Quanto mais organizada for a
sociedade, mais fácil vai ser fazer
os programas chegarem a quem
realmente precisa", afirma ele. A
nova meta de distribuição é beneficiar 100 mil famílias.
Além disso, o governo do Estado também distribui leite para
quase 206 mil crianças de até dois
anos e para 35 mil idosos. Há ainda quatro restaurantes subsidiados, localizados em pontos de
grande movimento, que servem
refeição a R$ 1.
Prefeitura
Já a prefeitura, além do programa de Renda Mínima -que garante uma ajuda financeira aos
pais que mantêm crianças na escola- está montando um programa de distribuição de alimentos para instituições que servem
refeições a pessoas carentes.
O galpão de recepção de alimentos, que será na Vila Maria
(zona norte), também vai ter um
"estoque para situações de emergência" -como, por exemplo,
atender desabrigados de enchentes ou incêndios.
"Vai funcionar nos moldes de
um banco, só que o capital vai ser
o alimento", diz Vera Barral, a
coordenadora do projeto.
A prefeitura também criou um
programa de redução do desperdício em mercados, que já está beneficiando 2.000 crianças.
São frutas e legumes que seriam
jogados fora por estarem fora dos
padrões de mercado, mas que, de
acordo com Vera, ainda detêm todos os nutrientes.
Para especialistas, o maior
avanço nutricional promovido
pela prefeitura até o momento foi
a introdução de refeições nas escolas municipais. Antes da novidade, as crianças recebiam "lanche seco", composto por bolacha,
suco e doces.
No extremo sul da cidade, existem casos de crianças que engordaram quatro quilos em apenas
um mês, depois de terem recebido refeições "de verdade" todos
os dias.
(GA)
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