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SEXO
Preconceito contra gays é maior entre homens, segundo pesquisa da Uerj
Estudo revela homofobia entre jovens
ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)
Os jovens dão valor à fidelidade
em relacionamentos amorosos,
entre os homens há uma alta intolerância em relação à homossexualidade e, entre as mulheres, a
masturbação ainda é tabu para
uma parcela significativa.
É o que mostram dados da pesquisa sobre práticas e normas sexuais de jovens brasileiros, do
Instituto de Medicina Social da
Uerj, apresentada ontem no 14º
Encontro Nacional da Associação
Brasileira de Estudos Populacionais, que acaba amanhã em Caxambu (MG). A pesquisa foi feita
com 4.634 jovens de 18 a 24 anos
de Porto Alegre, Salvador e Rio.
Um dado surpreendente foi
49% dos homens afirmarem que
homens que têm relações sexuais
com pessoas do mesmo sexo são
"doentes" ou "não têm vergonha". Entre as mulheres, a porcentagem é de 27,5%.
A intolerância é significativa entre os jovens homens em todas as
classes sociais. Entre os filhos de
mães sem ensino fundamental
completo, o índice chega a 60,1%,
e, entre os filhos de mães com superior completo, vai a 30,9%.
"O dado assusta porque parece
que esses meninos foram educados no Afeganistão e em madrassas [escolas islâmicas tradicionais]", diz Sônia Correa, da Associação Brasileira Interdisciplinar
de Aids, que coordenou a mesa
em que o trabalho foi mostrado.
Para a pesquisadora Maria Luiza Heilborn -autora da pesquisa
com Cristiane Cabral- esse dado
indica que ainda há um efeito
grande entre jovens do mito da
masculinidade tradicional: "Mesmo nas famílias mais escolarizadas ainda é muito forte entre os
homens a ideologia da masculinidade tradicional, que não aceita a
homossexualidade."
Apenas 19,5% dos homens disseram que a masturbação masculina é um vício. Entre as mulheres,
no entanto, 32,4% concordaram
com a mesma afirmação sobre a
masturbação feminina e 26,1%, a
respeito da masculina.
Eles e elas continuam valorizando a fidelidade. Ao serem questionados se era aceitável na relação
fazer sexo com outros, 89% das
mulheres disseram que não
-79,5% dos homens, também.
Heilborn pondera que eles e elas
podem ter definido "relação afetiva" de modos diferentes.
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