FABIANE LEITE
DA REPORTAGEM LOCAL

A Afubra (Associação de Fumicultores do Brasil), entidade que vem fazendo lobby com senadores brasileiros contra a aprovação de convenção da ONU para controle do tabaco, não representa esses agricultores, mas sim os interesses da indústria de cigarros, especialmente da Souza Cruz, afirma boletim do Deser (Departamento de Estudos Sócio-Econômicos Rurais) que será divulgado nos próximos dias.
O departamento, uma ONG que reúne diversas entidades do setor agrícola, como sindicatos e outras associações de trabalhadores rurais, destaca que a Afubra é a representante brasileira da ITGA (Associação Internacional de Produtores de Tabaco).
Segundo documentos secretos da indústria revelados em acordos judiciais dos EUA, a ITGA é o braço político da British American Tobacco, da qual a Souza Cruz é subsidiária no país.
Em um desses documentos, de 1988, a British American Tobacco afirma que "as empresas fabricantes regerão o financiamento básico da organização (ITGA) e assim garantiremos que se dediquem a fazer política." E ainda: "a ITGA pode ser o "parapeito" para nossas atividades de alianças com os representantes do Terceiro Mundo na OMS [Organização Mundial da Saúde] e para conseguir apoio de nações hostis às corporações multinacionais".
Ainda segundo o Deser, a Afubra não representa socialmente os trabalhadores, mas faz seguros para os fumicultores e vende kits de insumos para eles. A convenção de controle do cigarro precisa ser ratificada pelo Senado e ser entregue à ONU até novembro para que o país receba recursos para prevenção e tratamento. Hoje, está parada na Comissão de Agricultura da Casa.


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