São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

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Polícia de SP prende 15 perueiros em operação

Associação Paulistana é suspeita de ter envolvimento com facção criminosa

Presidente do grupo, um ex-cabo da Polícia Militar, foi preso depois que munição irregular de fuzil e maconha foram localizadas na ação


DIEGO ZANCHETTA
DO "AGORA"

A Polícia Civil prendeu ontem 15 integrantes da diretoria da Associação Paulistana, cooperativa de perueiros da zona leste da capital presidida pelo ex-cabo da PM Aguinaldo Sabino, 40. Ele foi flagrado com munições de fuzil na entidade.
A operação, que mobilizou cerca de 80 policiais da 7ª Seccional (Itaquera) e fechou por mais de cinco horas quatro garagens -onde ficam aproximadamente 1.300 lotações-, cumpriu mandado de busca e apreensão expedido na última segunda-feira pela Justiça.
Segundo o delegado Murilo Roque Fonseca, responsável pelo inquérito que apura desde outubro do ano passado o envolvimento entre a facção criminosa PCC (Primeiro Comando da Capital) e a Associação Paulistana, foram apreendidos um volume em dinheiro, ainda não contabilizado, mais de 50 computadores, documentos, notas fiscais e tacógrafos.
Entre os presos, quatro foram indiciados por porte ilegal de munição e tráfico -havia maconha na garagem 2 da cooperativa. "O Sabino e outros dois diretores vão ficar presos porque estavam com porte ilegal de munição e drogas. Os demais serão liberados", disse o delegado. Segundo ele, o diretor da garagem 2, Cléber Coca, 34, investigado por extorsão e ligação com o PCC, fugiu.
Também houve operação na garagem 3 da entidade, que tem como um dos coordenadores o vereador Senival Moura (PT), ligado aos perueiros. O petista estava na sede da cooperativa, no Itaim Paulista (zona leste), quando os investigadores da 7ª Seccional chegaram. Ele prestou depoimento e foi liberado.
Já Sabino chegou à delegacia algemado, por volta das 15h, e negou em depoimento que a munição para fuzil, encontrada em sua sala, fosse dele.
Sabino pediu licença da PM em 2004 e foi exonerado do cargo, a pedido, no dia 16 deste mês. Na Corregedoria da PM, já foi investigado por enriquecimento ilícito.
Entre seus cooperados, é descrito como uma pessoa que faz constantes ameaças aos inimigos e possui carros importados e imóveis de alto padrão. Ele assumiu a função de presidente quando Erimar Freire Neto decidiu se afastar.

Denúncias
As denúncias de extorsões dentro da cooperativa liderada pelo ex-cabo da PM foram reveladas em março. Segundo motoristas, eles teriam de pagar propina de R$ 45 por dia para rodar nas linhas da cooperativa. No inquérito da 7ª Seccional, a polícia apurou também que a maior parte dos diretores da Associação Paulistana era da Transmetro, cooperativa extinta em 2003 por suspeitas de envolvimento com o crime organizado.
Em julho, surgiu outra evidência de ligação da Associação Paulistana com o PCC: um rádio Nextel, que havia sido comprado em um lote de 12 aparelhos pela garagem comandada por Coca, foi deixado por bandidos após um ataque à delegacia de Suzano.


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