São Paulo, sábado, 23 de setembro de 2006

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

SISTEMA DE COTAS

Estudo aponta que renda exclui mais que cor

ANTÔNIO GOIS
ENVIADO ESPECIAL A CAXAMBU (MG)

Um estudo divulgado nesta semana no 15º Encontro Nacional de Estudos Populacionais, realizado em Caxambu (MG), mostra que é a renda, e não a raça, o principal fator que explica a desigualdade racial no acesso ao ensino superior.
O estudo feito por Cibele Yahn de Andrade e Norberto Dachs, da Unicamp (Universidade Estadual de Campinas), evidencia que apenas 5% dos pretos e pardos de 18 a 24 anos chegaram a esse nível de ensino, enquanto entre os brancos esse percentual foi de 21%.
No entanto, quando se analisa apenas os jovens pretos e pardos de 18 a 24 anos que vieram de famílias com renda per capita superior a cinco salários mínimos, o percentual deles com acesso a universidade chega a 56%. Se vierem de famílias com renda inferior a meio salário mínimo, o percentual é 0,6%.
Os que são a favor das cotas em universidades, no entanto, poderão fazer outra leitura: mesmo quando esses jovens estão em condições financeiras semelhantes às dos jovens brancos, ainda assim, a desigualdade persiste, já que a mesma taxa entre os brancos do estrato de renda mais alto é de 73%, ou seja, 17 pontos percentuais superior ao dos demais estudantes comparados. Entre os brancos mais pobres, o percentual de acesso é baixo (2,3%), mas, também aí, ele é superior ao de pretos e pardos.
Esses dados mostram que, de fato, a desigualdade no acesso ao ensino superior é explicada principalmente pela renda.


Texto Anterior: Inspirada em projeto contra outdoor, mostra revela São Paulo "limpa"
Próximo Texto: Abandono: Recém-nascida é encontrada em caixa em SP
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.