Cavaletes e faixas irregulares são instaladas para anunciar lançamentos

Prefeitura diz que realiza mutirões de fiscalização aos sábados e domingos e que já recolheu 7.000 peças, além de 15 mil folhetos

EVANDRO SPINELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Bairros "nobres" e "emergentes" de São Paulo estão sendo invadidos aos fins de semana por uma enxurrada de publicidade irregular de lançamentos imobiliários.
A situação é mais visível em bairros como Perdizes, Pompéia, Barra Funda (zona oeste), Aclimação, Vila Mariana, Moema (zona sul), Mooca, Belém e Tatuapé (zona leste).
A Lei Cidade Limpa, em vigor desde janeiro, proíbe todo tipo de propaganda exterior e limita até os tamanhos dos chamados anúncios indicativos nas fachadas dos estabelecimentos.
A publicidade de fim de semana dos imóveis nos bairros ignora a lei, contando que as equipes de fiscalização das subprefeituras estejam desmobilizadas aos sábados e domingos.
As peças mais comuns de propaganda são os banners, pregados nos postes dos bairros aos sábados pela manhã e retirados na noite de domingo.
Junto, surgem os distribuidores de panfletos -muitas vezes, modelos contratadas em agências- e uma nova categoria de "profissionais": os guardas de propaganda.
Esses "guardas" geralmente são jovens de 16 a 24 anos que, por R$ 15 a R$ 25 por dia (depende do bairro e da empresa), ficam paradas ao lado dos banners com orientação de recolher tudo se a fiscalização chegar. "Eu fico aqui à toa. Nunca apareceu nenhum fiscal", disse Maria (nome fictício), que trabalha fim de semana sim, outro não, no Tatuapé.
A Secretaria de Subprefeituras diz que faz mutirões de fiscalização aos finais de semana, nos quais 7.000 peças (faixas, banners, cavaletes) e 15 mil folhetos foram recolhidos.
Aparentemente, os mutirões de fiscalização surtem pouco efeito. A cada fim de semana, a poluição visual, que parecia estar quase extinta, volta às ruas com a chegada dos lançamentos imobiliários.
Nem mesmo os empreendedores negam o problema. Élbio Fernandez Mera, vice-presidente de comercialização e marketing do Secovi (o sindicato da habitação), admite que exista essa publicidade irregular, embora afirme que as empresas ligadas à entidade estejam respeitando a lei.
"Nos fins de semana, não são empresas muito conhecidas que desrespeitam a lei. As empresas ligadas ao Secovi cumprem a legislação", diz.
Ele defende a atuação das empresas do setor imobiliário no projeto Cidade Limpa. "Perto do que era, foi uma redução total. Estamos fazendo nossa lição de casa direitinho e estamos conversando com a prefeitura e com os nossos associados para definir o bom cumprimento da lei."
O secretário das Subprefeituras, Andrea Matarazzo, disse que o próximo passo agora é, identificado o anúncio irregular, ir até o estande de vendas e verificar se tem autorização.
"Se o cara descumpre a lei de cara para vender, será que ele não vai descumprir as normas também para construir? São malandros", afirmou.

Texto Anterior: Não consegui: Ninguém é ex-fumante
Próximo Texto: Ações que podem ajudar quem pedala no concreto
Índice