São Paulo, terça-feira, 23 de setembro de 2008

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No Dia Mundial Sem Carro, SP tem trânsito maior que a média

Lentidão de 143 km às 19h foi 25% acima da média das 5 últimas segundas-feiras; de manhã, chegou a estar abaixo

Avenida Paulista foi palco de protestos de manifestantes com estruturas de plástico que ocupavam o espaço de um carro e de ciclistas

Eduardo Knapp/Folha Imagem
Manifestantes em ato na av. Paulista no Dia Mundial Sem Carro; capital teve 143 km de lentidão às 19h

RICARDO SANGIOVANNI
ESTÊVÃO BERTONI
DA REPORTAGEM LOCAL

Os 143 km de lentidão registrados às 19h de ontem -25% acima da média das cinco últimas segundas-feiras-, em pleno Dia Mundial Sem Carro, mostraram que um trânsito mais ameno em São Paulo ainda é um sonho distante.
De manhã, porém, o trânsito chegou a estar 25% abaixo da média -75 km às 9h, segundo a CET (Companhia de Engenharia de Tráfego). "Estatisticamente, a eficácia [do Dia Sem Carro] é zero, a adesão é mínima. Mas nem por isso deixa de ter importância simbólica", diz o consultor de transportes Horácio Figueira.
Especialistas em mobilidade urbana, ambientalistas e ONGs também discutiram, em eventos, os prejuízos à saúde e ao ambiente causados pela emissão de poluentes dos carros.
Após debate com os candidatos à prefeitura organizado pelo Movimento Nossa São Paulo, o coordenador do Laboratório de Poluição da USP, Paulo Saldiva, leu manifesto em defesa do cumprimento integral da resolução 315/02 do Conselho Nacional do Meio Ambiente.
Ela prevê reduções das emissões a partir de 2009 e depende do fornecimento de diesel e motores menos poluentes. Mas corre risco de não ser cumprida integralmente, pois a Petrobras e as montadoras não garantem as mudanças.
"Cada real não investido para diminuir a poluição custa R$ 8 à saúde. As políticas públicas precisam levar isso em conta."
Segundo Saldiva, isso equivale a cerca de 3.000 mortes e gastos de R$ 1 bilhão por ano na capital paulista, conforme modelo de cálculo da Organização Mundial da Saúde.
A avenida Paulista foi palco de dois protestos. Por volta das 11h, manifestantes desfilaram no meio da pista, carregando estruturas de plástico que ocupavam o espaço de um carro. À noite foi a vez de ciclistas. Participantes estimaram pouco mais de 300 presentes; a expectativa era de reunir mil. A Polícia Militar não fez contagem.
Vestido de terno e gravata por ter participado horas antes de uma reunião de trabalho, o artista plástico Marcelo Siqueira, 30, contou que a intenção do ato era reocupar espaço urbanos originalmente destinados às pessoas, mas atualmente dominados pelos automóveis. "Estamos aqui não só para pedalar, mas para conscientizar as pessoas", disse.
O único evento ligado ao Dia Sem Carro organizado pela prefeitura foi a inauguração de uma exposição sobre a história do transporte coletivo, no parque Ibirapuera (zona sul).
De ônibus, o secretário Alexandre de Moraes (Transportes) chegou uma hora e 55 minutos atrasado ao evento, marcado para as 15h -disse ter gasto apenas 25 minutos da prefeitura ao parque. Ele foi recebido pelo secretário Eduardo Jorge (Meio Ambiente), que chegara pontualmente, de bicicleta.


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