São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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Kassab agora recua de cortes na limpeza

Pressionado, prefeito desiste de reduzir valor pago às empresas de varrição e diz que balanço mostra aumento da arrecadação

É o segundo recuo da gestão Kassab em uma semana; na quinta-feira passada, desistiu de cortar uma das cinco refeições nas creches

Apu Gomes/Folha Imagem
Lixo é recolhido na av. São João, centro de São Paulo

EVANDRO SPINELLI
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionado por conta do lixo acumulado pelas ruas, o prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab (DEM), recuou e não vai mais fazer cortes nos contratos de limpeza pública.
A medida foi anunciada pelo próprio Kassab, que atribuiu a decisão de anular os cortes de 20% na verba da varrição e de 10% na de coleta de lixo à recuperação das receitas e às chuvas fora de época. "As chuvas foram atípicas em setembro. Choveu bastante e temos de ter sensibilidade para esse fato."
Dentro do próprio governo, porém, a avaliação é a de que Kassab não suportou a pressão pela queda de sua popularidade causada pela exibição, em jornais e emissoras de TV, de montanhas de lixo nas ruas.
É o segundo recuo administrativo da gestão Kassab em uma semana. Na semana passada, a Secretaria da Educação desistiu de cortar uma das cinco refeições dos alunos das creches municipais. Em julho, Kassab recuou da proibição do tráfego de ônibus fretados na av. Luiz Carlos Berrini.
A prefeitura diz que a limpeza começa a voltar ao normal hoje. "Estávamos gastando R$ 27,5 milhões por mês e tínhamos reduzido para R$ 24 milhões. Poderemos voltar a algum patamar próximo de R$ 27 milhões", afirmou o prefeito no fim da manhã. À tarde, em nota, a prefeitura confirmou que os repasses voltarão aos R$ 27,5 milhões mensais.
Quando o corte foi anunciado, as empresas de varrição afirmaram que o serviço seria afetado. Foram demitidos 562 garis, cerca de 1.300 cumprem aviso prévio e a projeção era que, no total, 3.274 seriam dispensados até o fim do ano.
Kassab ameaçou romper os contratos caso o serviço fosse afetado, mas nada fez, sob o argumento de que nada ocorreu.
As empresas de varrição receberam, no ano passado, R$ 309 milhões da prefeitura. O custo total da limpeza pública -inclui coleta de lixo, entulho e aterros- foi de R$ 903 milhões, cerca de 3,5% do Orçamento.
O presidente do sindicato das empresas de limpeza, Ariovaldo Caodaglio, afirmou que, normalizado o pagamento, será possível recontratar garis. "Se voltarmos ao estado anterior, vamos repor os postos de trabalho. É inevitável", disse.
O secretário de Serviços, Alexandre de Moraes, afirmou que o corte de 10% na coleta de lixo também foi suspenso. As empresas haviam sido informadas da redução havia dez dias.
Em compensação, afirmou que não haverá reajuste nos valores dos contratos neste ano. Outubro é o mês do reajuste das tarifas pagas às duas empresas de coleta. No mês seguinte, o reajuste é para as empresas de varrição, sempre levando em conta a inflação. Moraes disse que nenhum deles será feito, ao menos neste ano.


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