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Kassab agora recua de cortes na limpeza
Pressionado, prefeito desiste de reduzir valor pago às empresas de varrição e diz que balanço mostra aumento da arrecadação
É o segundo recuo da gestão Kassab em uma semana;
na quinta-feira passada, desistiu de cortar uma das cinco refeições nas creches
Apu Gomes/Folha Imagem
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Lixo é recolhido na av. São João, centro de São Paulo
EVANDRO SPINELLI
CONRADO CORSALETTE
DA REPORTAGEM LOCAL
Pressionado por conta do lixo acumulado pelas ruas, o prefeito de São Paulo, Gilberto
Kassab (DEM), recuou e não
vai mais fazer cortes nos contratos de limpeza pública.
A medida foi anunciada pelo
próprio Kassab, que atribuiu a
decisão de anular os cortes de
20% na verba da varrição e de
10% na de coleta de lixo à recuperação das receitas e às chuvas
fora de época. "As chuvas foram
atípicas em setembro. Choveu
bastante e temos de ter sensibilidade para esse fato."
Dentro do próprio governo,
porém, a avaliação é a de que
Kassab não suportou a pressão
pela queda de sua popularidade
causada pela exibição, em jornais e emissoras de TV, de
montanhas de lixo nas ruas.
É o segundo recuo administrativo da gestão Kassab em
uma semana. Na semana passada, a Secretaria da Educação
desistiu de cortar uma das cinco refeições dos alunos das creches municipais. Em julho,
Kassab recuou da proibição do
tráfego de ônibus fretados na
av. Luiz Carlos Berrini.
A prefeitura diz que a limpeza começa a voltar ao normal
hoje. "Estávamos gastando R$
27,5 milhões por mês e tínhamos reduzido para R$ 24 milhões. Poderemos voltar a algum patamar próximo de R$ 27
milhões", afirmou o prefeito no
fim da manhã. À tarde, em nota,
a prefeitura confirmou que os
repasses voltarão aos R$ 27,5
milhões mensais.
Quando o corte foi anunciado, as empresas de varrição
afirmaram que o serviço seria
afetado. Foram demitidos 562
garis, cerca de 1.300 cumprem
aviso prévio e a projeção era
que, no total, 3.274 seriam dispensados até o fim do ano.
Kassab ameaçou romper os
contratos caso o serviço fosse
afetado, mas nada fez, sob o argumento de que nada ocorreu.
As empresas de varrição receberam, no ano passado, R$
309 milhões da prefeitura. O
custo total da limpeza pública
-inclui coleta de lixo, entulho e
aterros- foi de R$ 903 milhões,
cerca de 3,5% do Orçamento.
O presidente do sindicato das
empresas de limpeza, Ariovaldo Caodaglio, afirmou que,
normalizado o pagamento, será
possível recontratar garis. "Se
voltarmos ao estado anterior,
vamos repor os postos de trabalho. É inevitável", disse.
O secretário de Serviços, Alexandre de Moraes, afirmou que
o corte de 10% na coleta de lixo
também foi suspenso. As empresas haviam sido informadas
da redução havia dez dias.
Em compensação, afirmou
que não haverá reajuste nos valores dos contratos neste ano.
Outubro é o mês do reajuste
das tarifas pagas às duas empresas de coleta. No mês seguinte, o reajuste é para as empresas de varrição, sempre levando em conta a inflação. Moraes disse que nenhum deles
será feito, ao menos neste ano.
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