São Paulo, quarta-feira, 23 de setembro de 2009

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Governo de SP vai pagar por recuperação de áreas de florestas

Projeto prevê devolução do dinheiro gasto para reverter degradação de zonas que tenham importância ambiental

Estado só vai ressarcir intervenção previamente aprovada e implementada de acordo com parâmetros exigidos por órgãos técnicos

JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL

O governo de São Paulo criou um mecanismo para pagar proprietários de terras que implantarem projetos para manter ou recuperar áreas de importância ambiental. A medida está sendo preparada para entrar em vigor em 2010. Ontem, o Consema (conselho do meio ambiente do Estado) aprovou a minuta do projeto de lei que será enviado à Assembleia Legislativa.
O projeto institui a Política Estadual de Pagamento por Serviços Ambientais, que contará com cerca de R$ 20 milhões a partir do próximo ano.
A lei permite que um dono de terra possa, por exemplo, recuperar a mata ciliar (em torno de cursos d'água) de sua fazenda. Também é possível criar uma unidade de conservação para manter matas importantes.
Depois que o investimento é realizado pelo proprietário, o Estado devolve o dinheiro, desde que a intervenção tenha sido previamente aprovada por órgãos técnicos e tenha sido implementada de acordo com os parâmetros exigidos.
O governo aposta no modelo para estimular práticas conservacionistas por meio de incentivos econômicos, diz Helena Carrascoza, coordenadora de Biodiversidade e Recursos Naturais da Secretaria do Meio Ambiente.
O projeto prevê a composição de fundos financeiros com dinheiro cobrado pelo uso da água, multas por infrações ambientais, doações e empréstimos feitos por organismos internacionais, como o Banco Mundial, e ainda de sequestro de carbono.
Na primeira fase, o plano vai contemplar projetos para proteção de corpos d'água, como na região da Cantareira e da Bil- lings, e áreas de floresta.
"É uma forma de remunerar quem protege o ambiente, o que beneficia toda a sociedade. É justo que essas pessoas recebam algo por isso", diz Helena.
Há dois projetos-pilotos, implantados em Joanópolis e Nazaré Paulista, em parceria entre a TNC (The Nature Conservancy, organização para a conservação da natureza), a Agência Nacional de Águas, a Prefeitura de Extrema, o governo paulista e o comitê da bacia do Piracicaba.
Nesses projetos, os donos de áreas podem obter recursos para investimentos para conservar APPs (áreas de preservação permanente) ou de reserva legal. Lá, o objetivo é melhorar a conservação de solo em 390 hectares, recuperar 208 hectares de APPs e conservar 540 hectares de mata, segundo a TNC. O dono de área pode obter ajuda de R$ 125 por hectare/ano e contar com assistência técnica gratuita.
O ambientalista Carlos Bocuhy, presidente do Proam (Instituto Brasileiro de Proteção Ambiental) e representante das ONGs no Consema, disse que a iniciativa é bem-vinda, mas terá efeito inócuo se o Estado não aperfeiçoar a fiscalização.
Ontem, Bocuhy defendeu no Consema que a deliberação sobre a minuta do projeto fosse adiada, para que haja mais discussões.
"Criam-se mecanismos de compensação sem que o Estado tenha uma estrutura de fiscalização para acompanhar esses projetos. E o que vemos é o contrário, é o desmonte da estrutura que existe", diz.


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