São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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Novo visual de SP vai se arrastar até a Copa

Licitação do mobiliário urbano inclui relógios de rua e permite publicidade em no máximo 10 mil locais da cidade

Manutenção de pontos, que custa R$ 700 mil por mês à prefeitura, será transferida para a iniciativa privada

EVANDRO SPINELLI

DE SÃO PAULO

O paulistano ainda vai esperar alguns anos para ver pontos de ônibus e relógios de rua em melhor estado de conservação. A reformulação do mobiliário urbano, aprovada anteontem pela Câmara, só deve deixar a cidade totalmente de cara nova até a Copa de 2014.
A Folha apurou que não será permitida propaganda em 24 mil locais da cidade, como autoriza projeto. Na primeira etapa, será autorizada a publicidade em no máximo 10 mil locais da cidade. O número ainda não está fechado. A prefeitura contratou a Fipe (Fundação Instituto de Pesquisas Econômicas) para fazer os cálculos.
O projeto, que será sancionado pelo prefeito Gilberto Kassab (PSD) nos próximos dias, autoriza a propaganda em até 1.000 relógios, 7.000 abrigos e terminais DE ônibus existentes e em mais 16 mil novos abrigos.
A cidade tem cerca de 19 mil locais de paradas de ônibus -aproximadamente 7.000 com abrigos e o restante marcado com totens.
Nos estudos iniciais, que serão aprofundados agora pela Fipe, a concessão permitiria propaganda inicialmente em 500 a 1.000 relógios de rua e até 9.000 abrigos.
A concessão, segundo a Folha apurou, será por um período máximo de 10 a 15 anos -o projeto autoriza por até 30 anos.
A manutenção dos pontos de ônibus custa R$ 700 mil por mês à prefeitura. Com a concessão, esse custo passará à iniciativa privada.
A previsão é que os estudos estejam prontos até o fim deste ano e que a licitação seja aberta no início de 2012. Se tudo correr bem, os contratos com as empresas que vencerem a licitação serão assinados em meados do próximo ano, com prazo de 24 meses para a instalação de todos os novos equipamentos.
Se esse cronograma for cumprido, a publicidade pode começar a voltar às ruas no segundo semestre de 2012 e o processo estaria concluído até meados de 2014, quando começa a Copa do Mundo.

COMEMORAÇÃO
Kassab comemorou ontem a aprovação do projeto. Para ele, cinco anos após a aprovação da Lei Cidade Limpa, o município está pronto para entrar em uma nova fase.
Renato Cymbalista, professor de história da urbanização na FAU-USP, diz que a liberação da publicidade no mobiliário urbano "tem o aspecto positivo de instituir o poder público e não a iniciativa privada como a esfera que tem domínio sobre a paisagem da cidade".
"É uma situação melhor do que a que tínhamos antes, em que a paisagem era apropriada e vendida por quem tinha os suportes. Mas o ideal mesmo seria a ausência de publicidade no espaço público", afirmou o arquiteto.
O arquiteto Lucio Gomes Machado, também da USP, acredita que a propaganda no mobiliário urbano não terá grande impacto no aumento da poluição visual. "Todas as cidades de grande porte no mundo têm esse tipo de publicidade", afirmou.
Machado, no entanto, faz ressalvas ao projeto: prazo de concessão muito longo (30 anos), não exigência de concurso público para definir os modelos de relógios e abrigos e falta de critérios para a distribuição dos equipamentos pela cidade.


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