São Paulo, sexta-feira, 23 de setembro de 2011

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ANÁLISE

Publicidade terá mais destaque do que a prestação de serviço

FERNANDO SERAPIÃO
ESPECIAL PARA A FOLHA

A regulamentação da publicidade no mobiliário urbano era esperada desde a aprovação da Lei Cidade Limpa.
A lei gerou a expectativa de que verbas milionárias dispersas por empresas de outdoors seriam (em parte) canalizadas para cofres públicos, com a concessão de publicidade principalmente em pontos de ônibus e relógios. Mudam os agentes econômicos -saem empresas de outdoors e entram multinacionais do setor (por falta de demanda, poucas empresas nacionais estão habilitadas a produzir estes equipamentos). A ideia é positiva para a população pois pode garantir melhor qualidade e manutenção do mobiliário.
Um ponto negativo: ela não exige que as peças tenham desenho brasileiro ou exclusivo. Isso poderia dar personalidade e identidade aos equipamentos, fatores que qualificam o espaço público.
Além disso, a lei aprovada nesta semana deixou em aberto pontos fundamentais. O principal deles diz respeito ao destino do dinheiro.
Polêmico, o tema clama por debate. De um lado, há quem acredite que a verba deveria aprofundar o conceito da própria lei, sendo usada, por exemplo, para enterrar fios que poluem visualmente ou melhorando as calçadas (no passado, o prefeito expressou essa opinião).
Outro grupo acredita que o dinheiro deveria atender necessidades básicas, como saúde e educação.
Outros pontos para o debate: como distribuir a verba pela cidade e qual a relação publicidade/prestação de serviço de cada equipamento.
Pelo que foi apresentado, essa batalha foi vencida, de lavada, pela publicidade.
Em cidades civilizadas, por exemplo, o destaque das paradas de ônibus são as informações detalhadas sobre itinerários e horários. A publicidade? Fica em segundo plano.

FERNANDO SERAPIÃO é arquiteto e editor da revista "Monolito"


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