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EDUCAÇÃO
Escolas iniciaram inscrição, mas não definiram índice de reajuste; taxa tem de ser devolvida em caso de cancelamento
Pai faz matrícula sem saber valor de curso
BRUNO LIMA
DA REPORTAGEM LOCAL
A maioria das escolas particulares está abrindo prazos para reserva de matrícula para o próximo ano letivo sem divulgar o valor das mensalidades em 2003. A
afirmação é do Sieeesp (Sindicato
dos Estabelecimentos de Ensino
do Estado de São Paulo).
Não há ilegalidade no procedimento, mas ele revela que o setor
está apreensivo: as escolas vão esperar até o último minuto para divulgar qual será o valor da anuidade (valor total, normalmente
dividido em mensalidades) cobrada no ano que vem. A divulgação deve ser feita até 45 dias antes
do fim do prazo de matrícula.
"Estamos assustados, não sabemos como vai ficar a inflação. Isso
é um reflexo do sentimento de
que a economia não vai bem",
afirma o presidente do Sieeesp,
José Augusto Lourenço.
As escolas precisam definir agora o reajuste para o ano que vem,
já que aumentos no decorrer do
ano letivo são proibidos. Por isso,
trabalham com estimativas de
gastos -devem divulgar planilhas que justifiquem os reajustes.
Segundo o presidente do sindicato das escolas, a alta do dólar já
está sendo sentida pelos estabelecimentos de ensino em gastos
com informática, papel, produtos
de limpeza e alimentos. Em produtos de limpeza, já estariam pagando hoje preços entre 15% e
30% mais altos.
"As escolas acham que não devem aumentar muito para não
perder alunos, mas não tem jeito.
Os custos têm de ser repassados
para as famílias, infelizmente",
afirma Lourenço.
A previsão do sindicato era a de
que o reajuste das anuidades ficassem entre 8% e 10%. Agora, a
posição da entidade é de que é
preciso aguardar um pouco mais.
Criatividade
"Não vamos apresentar nenhum valor fora da realidade",
afirma o diretor-geral pedagógico
do Colégio Dante Alighieri. De
acordo com ele, escolas responsáveis repassarão aos pais somente
o que for mesmo necessário.
No Colégio Santa Maria (zona
sul), a reserva de matrícula começou em setembro, com o pagamento de uma taxa equivalente à
50% da mensalidade. "Ainda não
divulgamos a anuidade. Estamos
fazendo o orçamento agora", disse Diane Clay Cuntiff, diretora-geral da escola.
Ela afirma que a escola vai ter
que usar "criatividade" para cortar gastos. "Não podemos repassar todos custos", justificou.
As escolas sabem que um reajuste alto demais pode afugentar
ainda mais a clientela. Por conta
da inadimplência e do crescimento do número de instituições privadas, cerca de 1.500 (25%) das
6.000 escolas pagas do Estado podem fechar as portas até o final do
próximo ano.
Restituição
De acordo com o Procon-SP,
quando os pais pagam taxa para
reserva de vaga sem saber o valor
da anuidade, têm direito à restituição integral em caso de desistência. Além disso, segundo a instituição, a quantia paga não pode
ser uma taxa extra, pois faz parte
da anuidade.
Na hora da matrícula, é preciso
ler o contrato com atenção e observar quanto a escola irá reter em
caso de cancelamento -a retenção de 15% a 25% é razoável, segundo o Procon-SP, desde que a
escola comprove que teve de reter
esse valor para cobrir custos.
Taxas de reserva, matrícula e
mensalidades fazem parte da
anuidade. "O valor de todas essas
parcelas somadas tem de dar o valor da anuidade. Se houver irregularidade, os pais podem procurar
o Procon-SP ou o Juizado [Especial Cível]", afirma a técnica de
serviços do Procon-SP Maria Cecilia Rodrigues.
De janeiro a agosto deste ano, o
Procon-SP atendeu 5.135 casos de
dúvidas ou reclamações envolvendo escolas particulares -cerca de mil casos a mais do que no
mesmo período de 2001.
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