São Paulo, quarta-feira, 23 de outubro de 2002

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SAÚDE

Alunos poderão participar de tratamento de "prevenção com redução de danos'; objetivo é diminuir situações de risco

USP e Unicamp terão programa antiálcool

AURELIANO BIANCARELLI
DA REPORTAGEM LOCAL

Estudantes da Unicamp e da USP que bebem demais serão convidados a participar de um programa de "prevenção com redução de danos". O programa, testado há seis meses com alunos da Unesp, reduziu pela metade o número de acidentes de carro e o baixo rendimento escolar causado pelo excesso de bebida.
Nesta quarta-feira, pela primeira vez, estudantes das três universidades paulistas participam em conjunto do Dia do Alerta sobre o Uso Excessivo do Álcool. Em uma das atividades, o "teste do álcool", estudantes serão convidados a beber algumas doses e a conduzir um carro num circuito protegido e demarcado com cones.
A inovação no programa testado na Unesp (Universidade Estadual de São Paulo) é que os alunos não são proibidos de beber nem são vigiados. O convencimento se dá pela informação. "É uma entrevista motivacional, uma relação de empatia, não de confronto", diz Alan Marlatt, titular de psicologia clínica de Universidade de Washington. Marlatt e um dos autores do programa conhecido como Basics e que foi adaptado no Brasil pela professora Linda Dimeff ("Alcoolismo entre Estudantes Universitários", Editora da Unesp). "O objetivo é reduzir as consequências nocivas para os jovens e para os que estão à sua volta", diz Marlatt.
O programa adota o princípio da "redução de danos", conceito internacional que não prega a abstinência, mas a diminuição das situações de riscos nas quais se envolvem os usuários.
Para iniciar o programa, a equipe coordenada por Florence Kerr-Corrêa, titular de psiquiatria da Unesp, enviou um teste para os 5.004 calouros de 2000 e 2001 de nove campus da universidade. Cerca de 3.700 responderam e 916 deles -ou 25,1%- se enquadraram dentro do grupo que bebia em excesso ou tinha o hábito de "beber se embriagando".
Segundo Florence, esse grupo não bebe todos os dias, mas se embebeda a ponto de dar vexame, vomitar e não ir à aula. São os que correm maior risco de acidentes de carro e se envolvem em brigas.
Desse universo, 318 passaram a fazer parte do programa. Metade deles foi submetido a uma "intervenção breve", a outra metade ficou no "grupo de controle".
A intervenção -ou tratamento- consiste em duas entrevistas e o acompanhamento depois de seis meses. O estudante informa seu histórico familiar, suas práticas e expectativas com relação à bebida, quanto bebe, quando, como e por que costuma beber.
Nas entrevistas, o aluno recebe informações e orientação individualizadas. Aprende a avaliar o efeito de cada drinque e a adotar práticas de como beber espaçadamente, tomar líquidos, não beber de estômago vazio e jamais dirigir embriagado.


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