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AMBIENTE
Segundo secretaria, há problemas na demarcação do território onde está o pico do Jaraguá; cacique nega acusação
Governo acusa índios de invadir parque
AFRA BALAZINA
DA REPORTAGEM LOCAL
A Secretaria de Estado do Meio
Ambiente acusa índios da aldeia
indígena guarani Tekoa Pyau de
invadir área do Parque Estadual
do Jaraguá, localizado na zona
norte de São Paulo.
Segundo a secretaria, há uma
confusão na demarcação do território desde o ano passado e, na semana passada, os índios entraram
em terreno do parque para plantar palmeiras (de onde extrairão
palmito). Os índios, entretanto,
negam a invasão.
"Nossa atitude tem sido de não
confrontar, mas de dialogar. Desde segunda-feira [passada] tentamos contato com a administração
regional da Funai em Bauru, mas
só ontem conseguimos", diz a
geógrafa do Instituto Florestal
Kátia Mazzei, coordenadora dos
parques estaduais da região metropolitana de São Paulo.
De acordo com ela, já ocorreu
um início de desmatamento na
área invadida para o posterior
plantio de palmeira. "Por enquanto, há um dano pequeno para ser recuperado. Mas não temos
como saber ainda até onde isso
vai chegar. Há uma área equivalente a de um campo de futebol
que pode ser ocupada", diz.
O parque abriga o pico do Jaraguá, ponto mais alto da cidade de
São Paulo, que fica a 1.135 metros
acima do nível do mar e de onde
se tem uma vista privilegiada da
capital do Estado.
Na opinião de Mazzei, a invasão
da área é prejudicial a todo os
paulistanos. "O parque recebe 10
mil pessoas aos finais de semana.
E os visitantes correm o risco de
perder esse cenário", afirma.
O momento mais tenso da semana, segundo a geógrafa, aconteceu na quarta-feira. "Ameaçaram invadir uma casa que fica
dentro do parque, onde mora
uma mulher com três filhos", diz.
A aldeia Tekoa Pyau (que significa aldeia nova em tupi-guarani)
tem 210 moradores -97 deles são
crianças. O local lembra uma favela, e os índios moram em barracos de madeira.
Segundo o cacique José Fernandes, a área usada é dos índios, que
têm feito a limpeza do terreno para plantar árvores diversas. O cacique disse que, apesar da acusação de invasão feita pela secretaria, não houve nenhum tipo de
violência contra a população indígena que vive no local.
De acordo com o índio Alísio
Gabriel Tupã Mirim, nenhuma
vegetação do parque foi cortada.
"Os índios apenas carpiram a área
para poder começar a plantar as
árvores nativas que recebemos",
afirma Tupã Mirim.
Delimitações
A Funai (Fundação Nacional do
Índio) diz que na próxima quinta-feira dois funcionários da fundação irão ao Jaraguá verificar os limites da área e recolocar as marcações para delimitar corretamente o terreno.
Em visita realizada no dia 16 de
setembro, quando já havia uma
tensão em razão dos limites do
território, funcionários se certificaram de que os índios estavam
dentro da área delimitada.
Segundo a Funai, somente após
a avaliação da próxima semana é
que poderá ser investigado se
houve ou não desmatamento na
área do parque.
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