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Sem verbas, Lembo reduz ritmo de obras
Estado de São Paulo pára, atrasa ou diminui investimentos e projetos de transporte; trabalhos em rodovias caem até 80%
Para evitar descumprir a Lei
de Responsabilidade Fiscal,
governador pediu "atenção
redobrada" e "rigorosa austeridade nos gastos"
ALENCAR IZIDORO
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Algumas das principais obras
e projetos de infra-estrutura de
transporte do Estado de São
Paulo tiveram seu ritmo reduzido drasticamente ou foram
até paralisadas pelo governo de
Cláudio Lembo (PFL), que conta os dias para terminar seu
mandato e procura cortar gastos para não descumprir a Lei
de Responsabilidade Fiscal.
Os atrasos ou as interrupções
dos investimentos -situação
que será herdada por José Serra (PSDB) em 2007- foram intensificados nos últimos meses
e envolvem de rodovias do interior à expansão da rede sobre
trilhos da Grande São Paulo, do
Rodoanel ao recapeamento das
marginais Pinheiros e Tietê.
A LRF proíbe os governantes
de deixar pendências financeiras para os seus sucessores. Na
metade do ano, Lembo enviou
ofício a todos os secretários vetando novos investimentos e
determinando "redobrada
atenção" e "rigorosa austeridade nos gastos públicos".
O secretário de Estado de
Planejamento, Fernando Braga, afirma que os cortes são necessários para adaptar os gastos à realidade orçamentária,
mas que não haverá déficit.
O trecho sul do Rodoanel,
que ligará a Régis Bittencourt a
Mauá, no ABC paulista, obteve
a licença definitiva no final de
agosto. No mês seguinte, foi
aberta uma única frente de trabalho -das cinco previstas.
Dos R$ 200 milhões esperados para a construção em 2006,
Lembo deve investir menos de
R$ 80 milhões -parte devido à
demora para iniciar, mas parte
em razão da própria orientação
de tocá-la em marcha lenta.
Meses após firmar três convênios com a Prefeitura de São
Paulo, comandada por Gilberto
Kassab (PFL), para desembolsar mais de R$ 100 milhões em
2006 para o recapeamento de
32 km das marginais, o Expresso Tiradentes (antigo Fura-Fila) e para obras na região da av.
Roberto Marinho, Lembo teve
que desistir dos investimentos.
Redução de 80%
Das obras em curso de recuperação ou ampliação de estradas, a Folha apurou que a redução do ritmo em diversos casos é de 80%. A orientação é
que alguns empregados sejam
mantidos, evitando a desativação de canteiros, o que elevaria
os custos para a retomada.
Entre as afetadas, a interligação da av. Mário Covas, em São
José dos Campos, com a rodovia dos Tamoios, principal
acesso ao litoral norte, num total superior a R$ 50 milhões.
Ficaria pronta no fim do ano.
Só a Secretaria dos Transportes diminuiu em mais de R$
200 milhões as obras programadas e decidiu que nem as já
licitadas pelo DER (Departamento de Estradas de Rodagem) terão suas ordens de serviço concedidas até dezembro.
Antes de sair do governo para se candidatar à Presidência
da República, Geraldo Alckmin
(PSDB) firmou contratos de R$
176 milhões para reformar 156
km de estradas, incluindo um
trecho de serra da SP-125 (Oswaldo Cruz), muito utilizada
por quem viaja ao litoral norte.
O lote fazia parte de um programa do BID (Banco Interamericano de Desenvolvimento) e as obras começaram até
maio. A partir de agosto, foram
interrompidas. O Estado, nesse
caso, culpa a demora do governo federal para a aprovação do
financiamento do BID.
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