São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Policiais rejeitam proposta e mantêm greve

Grevistas ainda ampliaram o cronograma para três manifestações até a próxima quarta-feira; a primeira acontece hoje

Governo Serra disse que já mostrou "boa vontade" e "lamentou" continuidade do movimento, que classifica de político-eleitoral

ROGÉRIO PAGNAN
JOSÉ ERNESTO CREDENDIO
CATIA SEABRA

DA REPORTAGEM LOCAL

As entidades que representam os policiais civis de São Paulo rejeitaram, ontem, a nova proposta de reajustes salariais e benefícios oferecida pelo governo do Estado para pôr fim à greve da categoria, que se estende desde 16 de setembro.
Além de manter a paralisação por tempo indeterminado, com expectativa para mais um mês, o comando de greve ainda ampliou o cronograma de duas para três manifestações até a próxima quarta. A primeira ocorre hoje em todo o Estado.
O governo José Serra (PSDB), que diz ver interesse "político-eleitoral" no movimento, esperava que a greve acabasse diante da proposta, encaminhada segunda-feira à Assembléia Legislativa, quatro dias após o confronto entre PMs e policiais civis.
A Folha apurou que um dos motivos da resistência dos policiais é exatamente o teor de parte desses projetos, já que os benefícios seriam estendidos à PM, que depois do confronto passou a ser vista como favorável ao governo Serra.
Embora ao menos 2 das 18 entidades tenham se manifestado pelo fim da greve, a maioria preferiu manter o movimento na tentativa de continuar a pressionar o governo.
O tom da reação das entidades às propostas de Serra foi dado em uma nota que classifica os projetos como "afronta ao movimento e um desrespeito aos policiais paulistas". A Adpesp (associação dos delegados de SP) enviou à Assembléia pedidos de emenda aos projetos que prevêem atender à reivindicação original da categoria: 15% de reajuste imediato e duas parcelas anuais de 12%.
O governo oferece duas parcelas anuais de 6,5%, a partir de 2009. Segundo o governo, o salário médio dos delegados, hoje de R$ 7.085,85, subiria para R$ 8.100 já em janeiro.
O governo propõe, ainda, aposentadoria especial (por 30 anos de serviço) e promoções para 1.184 delegados e 16.032 policiais civis em 2009 -o Estado tem 35 mil policiais civis.
Também há previsão no projeto do governo de incorporar às aposentadorias até 50% da gratificação por local de exercício.

Protestos
Além da manifestação de hoje na Assembléia, devem ocorrer atos no interior. Outro protesto está marcado para segunda. O maior, previsto para dois dias depois, pretende mobilizar policiais de todo o país.
Em nota, o governo diz que já mostrou sua "disposição e boa vontade" e "lamentou" a continuidade da greve.
O presidente da Adpesp, Sergio Roque, disse ontem que foi voto vencido, pois acreditava que pudesse discutir o impasse com a greve suspensa. Os presidentes do sindicato dos delegados, José Leal, e o dos investigadores, João Batista Rebouças Neto, foram procurados ontem, mas não responderam aos recados deixados.


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