São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Grupo de extermínio de PMs é investigado

Polícias Civil e Militar apuram a participação, na zona sul, de 10 soldados na morte por decapitação de 4 pessoas

ANDRÉ CARAMANTE
DA REPORTAGEM LOCAL

Pelo menos dez soldados do 37º Batalhão da Polícia Militar, no extremo sul de São Paulo, são investigados pela Corregedoria da Polícia Militar, Polícia Civil e Ouvidoria das Polícias sob a suspeita de integrarem um grupo de extermínio chamado de "Os Highlanders".
Levantamentos dos três órgãos apontam que, entre abril e outubro deste ano, os corpos de ao menos quatro homens foram localizados em Itapecerica da Serra (Grande São Paulo), na divisa com a capital. Todas as vítimas tiveram as cabeças decepadas -daí o fato de os assassinos serem tratados pelos policiais como "Os Highlanders".
A principal suspeita dos investigadores que concentram as informações sobre os quatro homicídios é a de que as vítimas tenham sido decapitadas para dificultar a identificação delas.
Segundo PMs da Corregedoria da Polícia Militar e investigadores da Polícia Civil, além de tentar dificultar a identificação das vítimas, o grupo também estaria despejando os corpos no município vizinho para evitar que as investigações fossem conduzidas em São Paulo.
Os investigadores também suspeitam que os corpos sejam levados a Itapecerica da Serra para que os homicídios não entrem nas estatísticas da região.
A Folha revelou em agosto que o extremo sul de São Paulo, área da 6ª Seccional, registrou 177 homicídios intencionais no primeiro semestre deste ano -ou seja, 28% dos assassinatos ocorridos na cidade. Foram 630 casos ao todo na capital no período -média diária de 3,4.

Deficiente mental
O caso mais recente investigado como cometido pelos "highlanders" vitimou um deficiente mental -Antonio Carlos Silva Alves, 31, conhecido como Mão. Na tarde de 8 de outubro, ele foi visto por testemunhas já interrogadas pela Polícia Civil e pela Corregedoria da PM sendo colocado, vivo, no carro da PM de nº 37104.
A abordagem policial a Alves ocorreu no Jardim Capela (zona sul de SP), área da 6ª Seccional Sul. Quatro PMs do 37º Batalhão, segundo a Polícia Civil e a Corregedoria da PM, são investigados por terem abordado Alves: o 3º sargento Moisés Alves Santos, o cabo Joaquim Aleixo Neto e os soldados Anderson dos Santos Sales e Rodolfo da Silva Vieira.
Dois dias depois de ter sido visto sendo levado pelos PMs do 37º Batalhão, o corpo de Alves foi achado em Itapecerica da Serra. Estava decapitado e sem as mãos. O corpo dele só foi identificado por causa das tatuagens e cicatrizes que tinha. Exames de DNA vão comprovar ou não o reconhecimento feito por seus parentes. A cabeça e as mãos de Alves não foram achadas até hoje.


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