São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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SP será mais populosa que Nova York em 2025, diz ONU

Entidade prevê que, em 17 anos, população da capital paulista chegue a 21,4 milhões

Mumbai e Nova Déli (Índia) vão ultrapassar São Paulo; Tóquio permanecerá em primeiro, Cidade do México e Nova York deixam lista

ROBERTO MACHADO
DA SUCURSAL DO RIO

São Paulo permanecerá entre as cinco cidades com maior população do planeta em 2025, quando o vertiginoso crescimento das cidades asiáticas terá alterado o mapa das metrópoles. Mas precisará de políticas sociais que melhorem os indicadores de desigualdade, que estão entre os mais altos, ao lado de cidades africanas.
A conclusão faz parte do "Estado Mundial das Cidades 2008/2009", estudo promovido pelo Programa das Nações Unidas para os Assentamentos Humanos (UN-Habitat) e divulgado ontem, simultaneamente, no Rio, em Londres e em Bancoc.
Segundo as projeções da ONU, São Paulo terá 21,4 milhões de habitantes em 2025, caindo do quarto para o quinto lugar no ranking das maiores cidades do mundo -e superando Cidade do México e Nova York, que hoje são a segunda e a terceira mais populosas.
Tóquio permanecerá líder e terá 36,4 milhões de habitantes daqui a 17 anos, segundo o estudo. Mumbai (Índia), Nova Déli (Índia) e Dacca (Bangladesh) vão superar São Paulo, o que revela uma tendência verificada nos últimos 20 anos.
"As populações das grandes cidades encontram-se em expansão na Ásia e na África. Na América Latina, o crescimento está agora mais concentrado nas pequenas e médias cidades", diz a urbanista mexicana Cecília Martínez, diretora regional da UN-Habitat.
Segundo ela, a primeira década do atual século marca um estágio histórico importante: "Mais de 50% da humanidade passou a viver em áreas urbanas. E, em 2030, esse percentual vai chegar a 60%".

Desafios
Esse novo cenário impõe diversos desafios, segundo a ONU. O primeiro é aproveitar a concentração populacional nas grandes cidades para atenuar os efeitos do aquecimento global. "As cidades podem ser a solução, desde que consigamos usar essa infra-estrutura urbana, poupando áreas intocadas. Para isso será necessário melhorar o sistema de transporte nas metrópoles", diz Martínez.
O outro desafio será o de reduzir a desigualdade nas metrópoles dos países em desenvolvimento, em especial, na América Latina. Utilizando o índice de Gini -que mede o grau de concentração de renda, numa escala de zero (nenhuma concentração) a um (concentração máxima)-, São Paulo está entre as mais desiguais do mundo, com 0,61.
No Brasil, só é superada por Goiânia (0,65) e Brasília (0,64). Na América Latina, está ao lado de Bogotá e perde para Quito (0,54) e Caracas (0,48).
Numa comparação com países africanos, a desigualdade em São Paulo supera a de cidades como Nairóbi (Quênia, 0,59) e Maputo (Moçambique, 0,52). Já Johannesburgo (0,75) e Port Elizabeth (0,72), ambas na África do Sul, têm coeficientes de Gini piores do que os registrados na capital paulista.
"As cidades da América Latina e da África concentram boa parte da desigualdade social do planeta, apesar dos esforços de diversos governos nacionais e locais na articulação de políticas públicas", disse Martínez.


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