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Para seqüestráveis, seguro incentiva "indústria do crime"
PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL
Incentivar a "indústria do seqüestro" é o principal motivo
pelo qual os seqüestráveis com
os quais a Folha conversou não
pretendem adquirir um seguro
para garantir o pagamento do
resgate ou a "terceirização da
negociação" com os bandidos.
"Acho um mau negócio para
o segurado. Ele só vai enriquecer ainda mais o segurador, pagando para fomentar a industrialização do crime", diz o executivo Augusto, 67, que acompanhou o caso de uma tia mantida refém durante 18 dias.
Ele considera a possibilidade
de reincidência muito remota.
"A gente já incorporou no dia-a-dia cuidados com a segurança que são suficientes para
afastar bastante a chance de seqüestro", afirma ele.
Para a empresária Márcia,
60, cujo pai industrial ficou 44
dias em poder de seqüestradores, o seguro (em qualquer situação) só faz "enriquecer o segurador". "Eu ponho o dinheiro do seguro em uma poupança", diz ela, que teve de pagar
um resgate na casa dos milhões
para que libertassem seu pai.
"Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar", acha.
O cabeleireiro Wanderley
Nunes, 48, que há cerca de três
anos foi seqüestrado com o filho e não precisou pagar o resgate, também não pretende
aderir ao seguro anti-seqüestro: "Fazer o seguro é como dizer: "Pronto, podem me seqüestrar que eu tenho dinheiro
para o resgate'", acredita.
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