São Paulo, quinta-feira, 23 de outubro de 2008

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Para seqüestráveis, seguro incentiva "indústria do crime"

PAULO SAMPAIO
DA REPORTAGEM LOCAL

Incentivar a "indústria do seqüestro" é o principal motivo pelo qual os seqüestráveis com os quais a Folha conversou não pretendem adquirir um seguro para garantir o pagamento do resgate ou a "terceirização da negociação" com os bandidos.
"Acho um mau negócio para o segurado. Ele só vai enriquecer ainda mais o segurador, pagando para fomentar a industrialização do crime", diz o executivo Augusto, 67, que acompanhou o caso de uma tia mantida refém durante 18 dias.
Ele considera a possibilidade de reincidência muito remota. "A gente já incorporou no dia-a-dia cuidados com a segurança que são suficientes para afastar bastante a chance de seqüestro", afirma ele.
Para a empresária Márcia, 60, cujo pai industrial ficou 44 dias em poder de seqüestradores, o seguro (em qualquer situação) só faz "enriquecer o segurador". "Eu ponho o dinheiro do seguro em uma poupança", diz ela, que teve de pagar um resgate na casa dos milhões para que libertassem seu pai.
"Um raio nunca cai duas vezes no mesmo lugar", acha.
O cabeleireiro Wanderley Nunes, 48, que há cerca de três anos foi seqüestrado com o filho e não precisou pagar o resgate, também não pretende aderir ao seguro anti-seqüestro: "Fazer o seguro é como dizer: "Pronto, podem me seqüestrar que eu tenho dinheiro para o resgate'", acredita.


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