São Paulo, domingo, 23 de outubro de 2011

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Resíduo de hospital vai para lixão, afirma IBGE

60% das empresas e órgãos públicos não dão uma destinação adequada

Em 41% dos municípios que recebem ou coletam lixo hospitalar não há queima ou tratamento prévio para desinfecção

DE RECIFE
DE SÃO PAULO
DO ENVIADO A SANTA ISABEL DO PARÁ


Pesquisa feita pelo IBGE sobre as condições de saneamento básico no Brasil revela que 6 em cada 10 empresas e órgãos públicos que fazem coleta de lixo hospitalar no país descartam o material em lixões ou aterros, misturado aos resíduos comuns.
A destinação inadequada desse material pode provocar desvios e, eventualmente, a revenda ou o reaproveitamento de produtos perigosos à saúde, dizem especialistas.
Na última semana, a Folha comprou lençóis usados com logomarcas de instituições de saúde do Brasil em lojas de tecidos de Teresina (PI). No dia 14, já havia encontrado lençóis de hospitais americanos à venda em Pernambuco.
O estudo do IBGE, feito em 2008 e incluído no Atlas do Saneamento da instituição, publicado na semana passada, mostra ainda que em 41% dos municípios que coletam ou recebem lixo hospitalar não há incineração, queima ou outro tipo de tratamento prévio para desinfecção.
O IBGE considera "preocupante" a situação, devido ao risco à saúde que representa o descarte do lixo hospitalar sem tratamento em lixões.
A Anvisa (Agência Nacional de Vigilância Sanitária) diz que as instituições de saúde são responsáveis pelo destino final correto dos resíduos que produziu.
Para a engenheira sanitarista Roseane Lopes de Souza, da Associação Brasileira de Engenharia Sanitária e Ambiental, o descarte em lixões é "irresponsabilidade".
O presidente da Confederação Nacional dos Municípios, Paulo Ziulkoski, disse que é impossível cumprir à risca a lei que determina a implantação e o gerenciamento dos sistemas de saneamento básico pelas prefeituras.
Segundo ele, isso custaria R$ 440 bilhões, ou 6,7 vezes o valor da arrecadação própria de todos os municípios em 2010 (R$ 65 bilhões).

PARÁ
Um galão usado, que continha um produto químico corrosivo, foi descartado na calçada ao lado de um hospital no município de Santa Isabel do Pará (48 km de Belém).
Próximo ao galão, luvas cirúrgicas e uma máscara descartável demonstram descuido com o lixo do Hospital e Maternidade Santa Izabel, instituição particular.
Perto do lixo hospitalar também há resíduos comuns, como garrafas plásticas, em meio à grama crescida.
Ailton Farias, administrador do hospital, nega problemas e afirma que o descarte segue os parâmetros legais.
"O lixo hospitalar é separado, alocado aqui dentro e recolhido toda semana por uma empresa que cuida do descarte." (FÁBIO GUIBU, LUIZA BANDEIRA E AGUIRRE TALENTO)


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