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São Paulo, domingo, 23 de novembro de 2003

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Ato foi organizado pelos pais dos estudantes assassinados; manifestantes pediram penas mais duras contra menores infratores

Passeata contra a violência reúne 4.000

DA REPORTAGEM LOCAL

Faixas e cartazes pedindo justiça e em defesa de penas mais rigorosas para menores infratores. Jovens e adultos, muitos com os olhos vermelhos de choro, segurando balões e usando camisetas com fotos de parentes e amigos assassinados. Cerca de 4.000 pessoas, segundo o Comando Geral da PM, acompanharam ontem ato na avenida Paulista (centro de SP) organizado pelos pais e amigos de Liana Friedenbach, 16, e de Felipe Caffé, 19, assassinados no início do mês em Embu-Guaçu.
A passeata, que começou às 14h, depois de um ato ecumênico em frente ao colégio São Luís, onde os dois estudavam, teve como bandeira mudanças no ECA (Estatuto da Criança e do Adolescente) e a redução da maioridade penal.
De acordo com a polícia, o mentor dos assassinatos de Liana e Felipe é um rapaz de 16 anos.
Embora o lema do ato fosse paz com justiça, tanto os discursos oficiais como as manifestações dos participantes foram duros em relação aos menores que cometem crimes. Muitos gritavam por pena de morte e prisão perpétua.
O rabino Henry Sobel e a apresentadora Hebe Camargo, do SBT, compareceram ao evento. Em discurso, Sobel, presidente do rabinato da Congregação Israelita Paulista, fez críticas ao ECA, que chamou de obsoleto. Depois, em entrevista à Folha, afirmou ser favorável à pena de morte, não como rabino, mas como "pai e cidadão".
Hebe Camargo, que em seu programa chegou a manifestar o desejo de matar o menor acusado pelo crime, também pediu mudanças na lei. Para ela, o rapaz é irrecuperável e vai matar de novo.
Muito aplaudidos, os pais dos jovens assassinados não foram tão radicais. Eles entregaram a deputados estaduais e federais um manifesto em que sugerem um plebiscito para que a população decida se deve haver alteração das regras para punição de menores que cometem crimes hediondos.
"Eu acho que [pena de morte] não seria a solução. É um caso a se pensar, se as medidas que estamos propondo não derem certo", disse a enfermeira desempregada, Lenice Silva Caffé, mãe de Felipe. "Sou contrário à pena de morte, mas acho que, num país democrático, todos os caminhos têm de ser discutidos", disse o advogado Ari Friedenbach, pai de Liana.
Também participaram do ato familiares de vítimas da violência em São Paulo e de outros Estados.



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